EDITORIAL | Ganhos com sabor amargo

As estatísticas comprovam fartamente que a economia brasileira enfrenta, desde a virada do século, um processo de retrocesso cujo dado mais marcante com certeza está na perda de empregos e de renda, acompanhados da estagnação da produção e do consumo, com exceção do agronegócio, que na realidade tem sido, neste já relativamente longo período, o ponto de sustentação da economia.
São questões que, evidentemente, deveriam suscitar maiores preocupações, além da formulação de estratégias e planos para superação da contingência, o que está longe de acontecer, desconsideradas as promessas vazias que pululam em período de campanha eleitoral.
Nesse ambiente depressivo – em sentido amplo – chamam atenção levantamentos agora divulgados e relativos ao desempenho de bancos em todo o mundo. Nesse particular o Brasil, que já esteve bem perto de ser a quinta maior economia do globo, por momentos chegando a superar potências europeias, vai muito bem. Autoriza esta conclusão estudos realizados pela empresa de análise econômico-financeira Econométrica, apontando que dos dez mais rentáveis bancos em todo o mundo, quatro, quase a metade, portanto, são brasileiros. Absolutamente espantoso, embora previsível.
A conclusão é sustentada, segundo o estudo, pela comparação do retorno sobre o patrimônio líquido, o que coloca dois bancos estadunidenses – Capital One e Ally Financial – nas primeiras posições, com retorno de 20,4% e 19,3%, respectivamente, ficando a terceira posição reservada à filial local do Santander, que cravou 19,4%, mantendo a liderança pelo quarto ano consecutivo.
A quinta posição na lista é ocupada pelo primeiro banco verdadeiramente brasileiro, o Itaú-Unibanco, com17,3%. Posição melhor que a do gigante norte-americano JP Morgan, hoje o maior banco dos Estados Unidos, com ativos que somam US$ 3,7 trilhões, contra modestos – no caso – US$ 388 bilhões do Itaú.
Na sequência aparecem, segundo a Econométrica, Banco do Brasil (15,7%) e Bradesco (15,2%). Cabe registrar que os três bancos brasileiros ocuparam, entre os anos de 2010 e 2017, os três primeiros lugares nesse ranking. Sem dúvida um milagre que precisa ser melhor explicado e compreendido.
Ouça a rádio de Minas