EDITORIAL | Gargalos a superar

A recente decisão do governador Romeu Zema de reduzir de16% para 9% a alíquota do ICMS incidente sobre o preço do etanol chegou aos postos com uma redução média de R$ 0,35 por litro no preço final pago pelo consumidor. Parece pouco e é pouco mesmo, conclusão que vale igualmente para os cortes anteriores, em alguns círculos comemorados como capazes de alterar o resultado previsto para a eleição de outubro, sem que seja necessário assinalar o despropósito de o óleo diesel ter ficado mais caro que a gasolina, tudo isso servindo para demonstrar que, mesmo sendo pesada a carga tributária agora aliviada, ao contrário do que tem sido propalado não é nela que reside o problema maior.
Claro que estamos apontando, e mais uma vez, para a injustificável paridade dos preços dos derivados de petróleo com as cotações internacionais, que por sinal voltaram a subir, alegadamente porque a Arábia Saudita não deu ouvidos aos apelos dos Estados Unidos para elevar produção e oferta de petróleo, ajudando a compensar a queda havida no fornecimento de petróleo russo. Foi exatamente por conta dessas injunções, notadamente a partir da crise dos anos 70 no século passado, que o Brasil tanto se esforçou e tanto investiu para alcançar autossuficiência em produção de óleo bruto, estratégia então definida como essencial para o País escapar da dependência externa.
Como é sabido, tudo mudou em 2016, no governo Temer, que levou o País a aderir à paridade internacional, armadilha de agrado dos acionistas privados da Petrobras, das multinacionais petrolíferas, num círculo nefasto que se fechou com a redução da capacidade de refino, fazendo o País retornar à condição de importador de combustíveis fósseis, mesmo sendo detentor de reservas que estão entre as maiores do mundo. Um desvio que até agora apenas o ex-governador Ciro Gomes, candidato à Presidência que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, enxergou e promete modificar, na hipótese de vencer.
Enquanto isso o atual governo, depois de distribuir “bondades” como o vale-gás e auxílios a caminhoneiros e taxistas, anuncia que negocia compras diretas de óleo diesel com os russos, que teriam ofertas a preços mais camaradas. Muito bom, não fosse pelo detalhe, esquecido pelo presidente Bolsonaro, de que as potências ocidentais, Estados Unidos à frente, impuseram sanções à Rússia, bloqueando praticamente na totalidade seu comércio externo. Um problema que, mantidas as condições atuais, não há como ser contornado, ponto aliás já devidamente assinalado por Washington.
Nos resta pensar, e rápido, em otimizar a produção nas refinarias brasileiras, que estão sucateadas e de onde qualquer ganho que vier será relevante, ao mesmo tempo em que a construção de novas refinarias seja levada mais a sério.
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