Opinião

EDITORIAL | Hora certa para atacar

EDITORIAL | Hora certa para atacar
Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

De olho nas urnas, o governo federal fez o que ele próprio disse ser impossível. Já na reta final da campanha, incluiu no seu pacote de bondades redução nos preços do petróleo, depois de um ciclo de altas contínuas e desarrazoadas. Ainda assim cometeu mais um erro primário ao deixar de fora o óleo diesel, essencial para a movimentação de cargas no País e hoje custando mais que a gasolina. Esqueceu a aliança com os caminhoneiros para, pragmático, mirar onde em tese é possível colher mais votos. A estratégia, apontam pesquisas de opinião, não parece ter favorecido a candidatura do presidente da República e rendeu-lhe um novo problema.

Caminhoneiros evidentemente não estão nem um pouco satisfeitos e exigem que as coisas sejam colocadas nos devidos lugares. Para eles, isso significa a inviabilidade de seus negócios, conforme disse ao DIÁRIO DO COMÉRCIO o presidente do Sindtanque, Irani Gomes, que reclama, para os próximos dias, redução de 30% no preço do diesel. É isso ou paralisação nacional na reta final da campanha. Lembrou o representante da categoria que “nunca na história o preço do diesel esteve em um patamar extremamente superior ao preço da gasolina e do etanol. É uma realidade nunca vista e que tem gerado muita insatisfação para todos nós”, conclui. Gomes afirma que nos últimos dias a categoria começou a mobilizar os transportadores de combustíveis e de cargas para uma nova greve geral.

Teria sido, da parte dos que decidem em Brasília e no Rio de Janeiro, um mero erro de cálculo, deixando de lado exatamente o mais óbvio? Teria sido intencional, conforme sugerido acima, numa tática que mira onde estão mais votos ou, pior ainda, uma maneira de criar ainda mais instabilidade no País, justamente quando se aproxima a hora do voto? Tudo isso, não é nada difícil imaginar, com devaneios que não tem limites e para os quais a parte ponderada da sociedade brasileira deve estar muito atenta.

Claro que as dificuldades dos caminhoneiros não serão resolvidas com um modesto vale temporário, claro que todos estão à espera de uma resposta minimamente coerente e consistente, considerada a sensibilidade do setor e os riscos que alcancem todas as atividades econômicas e, na ponta, os já até sacrificados consumidores.

Eis os fatos, a realidade tal como se apresenta e, para os brasileiros, majoritariamente cabe sempre lembrar, um tanto inquietante. Sobretudo porque retomar o rumo dos acertos será tarefa igualmente bastante difícil e custosa.

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