[EDITORIAL] Incômodos e resultados
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, começa agora a montar sua equipe e detalhar seus planos, sabendo que encontrará pela frente cofres vazios e muitas contas a pagar. A rigor, a maior das emergências, porque o déficit tende a emperrar toda a máquina administrativa. Começa agora a transição, depois de cumpridos alguns ritos cerimoniais como a visita ao presidente que está deixando o cargo, e a equipe de transição começa a atuar.
Fundamentalmente para apresentar aos que estarão chegando uma espécie de prestação de contas num sentido mais amplo e que impeça a descontinuidade administrativa.
Ao mesmo tempo os novatos vão dando pistas do que pretendem fazer e repetindo, como foi feito durante a campanha por quase todos os candidatos, que a contenção de gastos começará pela redução do número de ministérios, essas entidades que custam caro mas, parece, valem muito pouco, pelo menos se considerada a ótica dos pagadores de impostos.
Evidentemente que é diferente na ótica de quem ocupa a cadeira e se apropria das vantagens inerentes, que não são poucas e custam caro. Aí a explicação, muito provavelmente única, para a proliferação de ministérios e, na mesma proporção, a resistência aos cortes prometidos.
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Interessante observar que, entre os que resistem, surgem porta-vozes de áreas, ou setores, que entram na lista de degola ou de fusão, evidenciando mais uma distorção. E assim fica no ar a impressão, ou o convencimento, de que no Brasil as coisas funcionam se estiverem sob abrigo de um ministério. Evidentemente não é o que mais importa ou o que verdadeiramente deveria importar. Valeria muito mais, nos planos da objetividade e do bom senso, da gestão aplicada, a disposição efetiva de acolher, por sua importância, esta ou aquela área, com políticas adequadas, com gente capacitada e motivada e, da parte do governo, efetiva disposição de realizar.
Eis o que verdadeiramente importa e o que pode fazer diferença, quem sabe traduzindo menos formalidades, menos mordomias e mais ação, o que por suposto seria o interesse maior, verdadeiro, de quem proclama que esta ou aquela área não pode ficar sem o seu respectivo ministério. Pode e deve ser diferente e é de se esperar que este seja o entendimento daqueles que, se ainda não descobriram, brevemente descobrirão que no Brasil o Estado ficou maior do que o caixa ou, como disse um empresário, do que o PIB. Já não há como pagar essa conta que foi inchando com o tempo, crescendo sempre mais que as receitas.
Para quem está chegando, para quem precisa definir seu plano de trabalho, não existe outro ponto de partida. No primeiro momento estará produzindo incômodos, mas, adiante, com certeza, terá resultados para exibir.
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