EDITORIAL | Informação manipulada

Para resumir, até agora muita conversa e poucos resultados sobre o alcance e limite das redes sociais, território livre e a rigor sem controle, poderoso o suficiente para provocar danos que podem chegar ao extremo de ameaçar sistemas políticos e econômicos.
Na realidade, e é de se esperar que em algum ponto no futuro a realidade seja afinal compreendida, as empresas controladoras das redes sociais retiram seus melhores resultados exatamente da falta de limites e controles externos, cultivando absolutamente falsa ilusão de que estariam tão somente defendendo a liberdade de expressão, perdendo de vista, propositadamente, que a liberdade não pode abrigar mentiras ou calúnias, não raro disseminadas em massa por robôs cuja origem, embora possa ser identificada, nunca é apontada.
Essa discussão requentada, por enquanto talvez não mais que um jogo de cena, ganha força nos Estados Unidos, por conta do banimento de contas do ex-presidente Donald Trump, que até agora sem sucesso vem defendendo seu direito de postar o que lhe for conveniente.
Somente o fato de aceitar a discussão, assim indiretamente chancelando sua pertinência, já é algo bastante perigoso no que toca ao confronto com os interesses da maioria dos indivíduos, seja nos Estados Unidos nas eleições passadas e na anterior, no plebiscito que apontou como vontade da maioria o abandono, pela Grã-Bretanha, da Comunidade Europeia ou, bem mais perto e constantemente, no caso brasileiro, nas contas sem origem e sem propriedade assumida que espalham as mais diversas formas de conteúdo impróprio. Nada a ver com liberdade de expressão, nada a ver com direitos e sim com interesses que não suportariam a luz do dia.
Tão fácil de entender como de perceber até que ponto sistemas políticos já foram contaminados e estão sob ameaça, enquanto as redes dão a entender que simplesmente não é possível agir proativamente, uma vez que não há como controlar bilhões de pessoas que postam todos os dias bilhões de mensagens. Uma constatação com ares de justificativa e, ao mesmo tempo, o mais cabal reconhecimento de que a situação está, ou poderia estar, fora de controle, ameaça evidente a valores que deveriam estar em primeiro plano, a começar de conceitos mais verdadeiros de liberdade de expressão.
Se o problema não for percebido tal como se apresenta, estes engenhos, equivocadamente tomados como símbolos de modernidade, acabarão sufocando, com sua manipulação declarada, a própria pluralidade da comunicação, pondo a perder valores consolidados ao longo de séculos.
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