Opinião

EDITORIAL | Ingredientes que faltam

EDITORIAL | Ingredientes que faltam
Crédito: Thyago Henrique

Em entrevista a este jornal, o governador Romeu Zema, que disputará um segundo mandato em outubro, declarou que, se reeleito, prosseguirá com o processo de reequilíbrio das contas estaduais, no contexto de uma gestão que define como “empresarial”. Zema, empresário muito bem-sucedido e neófito na política, assumiu a administração estadual num momento particularmente difícil, sendo bastante, para ilustrar, lembrar que a folha de pagamentos do funcionalismo estava atrasada. Nesses quatro anos enfrentou também dois anos de pandemia, que implicou em paralisação da economia de um lado, perda de receitas e aumento de despesas, de outro.

Não há de ter sido fácil e por isso mesmo será injusto endossar as críticas à sua gestão, que teria cometido o pecado do imobilismo. Há que ressaltar que, mesmo com todas as dificuldades, Minas Gerais foi capaz de atrair novos investimentos, numa soma expressiva e sobretudo terminará o ano e o mandato atual de seu governador, com as contas equilibradas.

Conforme ele mesmo disse ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, com um saldo positivo pequeno, mas nas circunstâncias de grande valia simbólica. Para a frente, diz o governador, é seguir na direção do reequilíbrio fiscal, o que no seu entendimento terá como principais marcos privatizações de empresas como Cemig e Copasa, assim como adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que adia o pagamento da dívida à União.

Já dissemos antes e voltamos a repetir que este não nos parece o melhor caminho. Algo como vender o almoço para pagar o jantar. Continuará faltando o entendimento essencial que o desajuste fiscal é o resultado esperado da diferença entre receitas e despesas, problema central mas que vai sendo empurrado com a barriga porque falta disposição política, no Executivo e no Legislativo, para enfrentar reações nada ponderadas mas absolutamente previsíveis. Não há como sustentar uma situação em que os ingressos são menores que as retiradas, em que o Estado carrega um peso que não pode suportar e as propostas de reformas, aquelas capazes de desenhar um horizonte realmente novo e melhor, não avançam.

Rolar as dívidas apenas joga o problema para a frente, ficando em falta um programa robusto de redução de despesas e incremento das receitas, o que a experiência tem demonstrado à exaustão não é mágica que privatizações possam realizar. Disciplina, imaginação e criatividade são, como já aconteceu no passado, os ingredientes que faltam e sem os quais não há como enxergar mudanças na escala que se faz necessária, dentro de um programa permanente de reconstrução de Minas Gerais.

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