EDITORIAL | Jogar para não perder
Na última sexta-feira aconteceu a quinta rodada de leilões em campos petrolíferos do pré-sal, a última no governo do presidente Temer. As expectativas eram grandes dos dois lados da mesa, em especial para os compradores diante da possibilidade de acesso a uma das maiores e mais promissoras áreas de extração no planeta. Foram ofertados quatro blocos, três na Bacia de Santos e um em Campos, de onde poderão ser extraídos, nas contas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), pelo menos 2,4 bilhões de barris, o que significa que poderão render, ao longo de 35 anos de contrato, algo próximo de R$ 180 bilhões, entre royalties, participações especiais e tributos. E, de pronto, R$ 6 bilhões para os cofres da União.
Ou muito mais no futuro, caso estejam corretas avaliações independentes que atribuem às quatro áreas – Saturno, Titã, Pau-Brasil e Tartaruga Verde – reservas recuperáveis de até 5 bilhões de barris. Na perspectiva governamental, os números apontados bastam para explicar o grande interesse em torno dos leilões, que estão no centro dos interesses da indústria petrolífera mundial, embora persista alguma desconfiança com relação à segurança jurídica, face à possibilidade de mudança de regras, dependendo do que venha a acontecer na próxima eleição. Para Brasília, anima a possibilidade de fazer caixa no curto prazo, os investimentos representados pela exploração desses campos, além da renda resultante.
Pode ser muito, mas também pode não ser, de fato, o bastante. As cotações do barril de petróleo, hoje, batem nos US$ 80, com perspectivas concretas e próximas de que o preço possa retornar ao patamar dos US$ 100 e os custos de extração na área, recentemente apontada como a mais promissora do planeta, em queda graças a avanços tecnológicos.
Eis porque doze empresas internacionais estavam habilitadas para o leilão de sexta-feira, que rende, de imediato caso os quatro blocos sejam arrematados, pelo menos R$ 6,82 bilhões. De acordo com as regras, o chamado regime de partilha, vence a empresa que oferecer maior participação, descontados os gastos de exploração e produção.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Estabelecer parcerias e, consequentemente, diluir dispêndios que, na prática e nas condições atuais, retardariam muito a exploração do pré-sal, pode, do ponto de vista dos interesses do País, representar uma saída inteligente. O desafio mais aparente, para os brasileiros, parece estar em não perder o controle do processo, no sentido de poder acompanhar as atividades que se realizarão em sequência, garantindo que os investidores sejam adequadamente remunerados, porém sem abrir mão do que é seu, sem dúvida um grande desafio no complexo e quase nunca transparente mundo do petróleo.
Ouça a rádio de Minas