Opinião

EDITORIAL | Juros, um tiro no pé

EDITORIAL | Juros, um tiro no pé
Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

Na sua reunião da última quarta-feira, confirmando tendência e previsões, o Conselho Monetário Nacional ordenou aumento de mais 1,5 ponto na taxa básica de juros, que assim alcança os 7,5 pontos, com promessa de nova elevação no próximo mês. E previsões de que ao fim do ano a Selic  terá alcançado a barreira dos dois dígitos. Mais um sinal de que, embora o governo continue falando em avanços, no mundo real, melhor, no Brasil, a economia prossegue em marcha a ré.

Em Brasília parece faltar até imaginação, repetida a tática que, utilizada por décadas, mais marcantemente a partir do governo Fernando Henrique, não bastou para inverter a equação do crescimento sustentado, produzindo efeito contrário. Mais provável, como afirma a empresária Luiza Trajano, é que acabe com o consumo e o emprego, ou o que deles restou. Para a empresária, que chegou a ser sondada para integrar a equipe ministerial e é repetidamente apontada como presidenciável, a alta dos juros tira a previsibilidade da economia brasileira, adia investimentos privados e eleva custos num momento em que as empresas estão demasiadamente fragilizadas. Para um país que vive de renda e crédito, onde não existe dinheiro sobrando, forçosamente o capital deveria custar mais barato e ser mais acessível.

Com o repertorio esgotado e ainda assim afirmando que tudo vai bem e que a economia crescerá perto de 5% neste ano, mas sem lembrar que a base de comparação é muito fraca, o governo atual, às voltas também com contas que não têm como pagar, mas alimentam a esperança de reeleição, na realidade parece não ter projetos ou receitas que, conforme prometido anteriormente, trariam credibilidade e resultados. Segue em marcha contrária, como lembra Luiza Trajano, apontando, como tantos outros empresários e economistas, que o remédio verdadeiro são as reformas capazes de aliviar o peso do Estado, carregado pelos contribuintes, a partir das quais poderiam ser definidas políticas permanentes, não de governos, mas do Estado, fixando objetivos, prioridades e metas, num contexto de disciplina fiscal que liberasse recursos para investimentos, que oxigenaria a economia além de suprir carências tão graves quanto a escassez de energia, que só não causa mais estragos por conta de anos seguidos de estagnação.

Em síntese, um roteiro muitíssimo bem conhecido, mas teimosamente perseguido, sem que os responsáveis não se deem conta de que não deu certo antes e não dará certo agora.

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