Opinião

EDITORIAL | Mais perto da convergência

EDITORIAL | Mais perto da convergência
Crédito: REUTERS/Jonathan Ernst

O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tomou posse num clima ainda de muita tensão e seu discurso bem refletiu o momento ao pregar união e destacar os esforços para “juntar o país”, pedindo que cada americano se una a seus esforços. O clima e a ocasião recomendavam este foco, centrado nos assuntos internos, e era o esperado. Mas o novo presidente falou também sobre o contexto global, com referências às crises sanitária e econômica, lembrando a necessidade de esforços comuns e coordenados, num convite à colaboração entre os povos, deixando de lado mentiras e preconceitos.

Não há de ter sido por mera coincidência que o presidente da China, Xi Jinping, tenha aproveitado a abertura do Fórum Mundial de Davos, cuja etapa virtual foi encerrada na sexta-feira (29), para fazer colocações que podem ser entendidas como uma resposta e, felizmente, vão na mesma direção. Segundo ele, é fundamental a realização de esforços comuns, removendo barreiras comerciais e a investimentos, fortalecendo o intercâmbio tecnológico. Seria a única maneira de enfrentar os efeitos da pandemia – “que está longe de acabar”- e a mais grave recessão desde o fim da Segunda Guerra. Convidando a que sejam deixados de lado preconceitos ideológicos que levam ao isolamento, lembrou que não há civilização humana sem diversidade e diferenças históricas, que levam ao ódio e ao preconceito enquanto a escolha certa seria a coexistência pacífica.

Tudo isso para que possa ser fechado o abismo entre o Norte e o Sul, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, como forma de evitar novas emergências como a atual. Nenhum país sozinho poderá fazer tudo isso e, por outro lado, criar conflitos nos empurrarão para o confronto e levarão a um beco sem saída. Em resumo, disse o presidente chinês, “precisamos ficar juntos, dar as mãos e deixar o multilateralismo nos guiar, apostando todos em igualdade, paz, justiça e liberdade”.

Absolutamente não é difícil perceber, nos dois pronunciamentos, pontos convergentes e, mais, identidade de propósitos que abrem aos dois países, e por consequência ao planeta, possibilidades absolutamente novas e, com toda certeza, melhores. Somar forças para superar as dificuldades atuais, etapa que antecederia o surgimento de um ambiente em que todos possam, em colaboração verdadeira, tomar uma mesma direção, somando conhecimentos, recursos e força de trabalho para a construção de uma sociedade mais equilibrada e cuja força resultará o fim do abismo entre os que têm muito e os que nada têm. Não foi isso, afinal, que sugeriram os presidentes Biden e Xi Jinping?

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