EDITORIAL | Melhorar mas com equilíbrio

Conforme dados recolhidos em abril passado, aproxima-se de 50 milhões o número de brasileiros com acesso a planos de saúde, ou pouco mais de um quarto da população, hoje estimada em 212,6 milhões de habitantes. Poderia ser mais, deveria ser mais, mas também não é pouco, o suficiente para pesar na estrutura de serviços de saúde no País. Não se pode negar que o setor enfrenta problemas, com empresas de reconhecida excelência como a UnimedBH, e outras nem tanto, algumas em crise financeira permanente, o que evidentemente compromete sua oferta de serviços, deixando de cumprir a contento os serviços pactuados com sua clientela.
É uma realidade que preocupa quem conhece mais profundamente o setor e sabe de sua sensibilidade, entendendo inclusive que deveria haver condições para que a oferta pudesse ser ampliada, em condições de ser absorvida e assim contribuindo ainda mais para desafogar os serviços públicos universalizados. E, nesse sentido, chama atenção iniciativas que têm se repetido ultimamente, ampliando o rol de serviços e obrigações das operadoras. Muito bom, perfeito, desde que a clientela possa ser atendida adequadamente e, mais, que as empresas, cujas tarifas são controladas, não sejam inviabilizadas financeiramente. O risco existe e já foi apontado, podendo provocar à frente danos bastante graves.
Ainda agora, por exemplo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde, anunciou que será incluído no seu rol de procedimentos aqueles relacionados ao transplante de fígado, que é muito caro, fora do alcance dos bolsos da maioria de população e assim realizado quase exclusivamente pelo SUS. É claro, bastante óbvio, que todos desejam por contar com atendimento médico completo, imediato e de qualidade. Não poderia ser diferente, da mesma forma que deve ser lembrada aquela frase que ensina que não existe almoço de graça. Definitivamente as ações pretendidas não lograrão efeito se não estiver claro como e por quem serão custeados estes serviços, sem o comprometimento das operadoras e em condições que os usuários possam suportar. E tudo isso, cabe lembrar, num contexto em que a população, mesmo na classe média onde estão os clientes típicos e majoritários desses serviços, está perdendo renda.
Devemos entender como positivas e bem intencionadas as tentativas da ANS de ampliar a cobertura oferecida pelos planos de saúde, imaginando até um ponto ideal em que nada fique a descoberto. Parece faltar, no entanto, que a equação financeira seja viabilizada, atendida, sem riscos incontornáveis, as suas partes.
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