Opinião

EDITORIAL | Mentira, a nova arma

EDITORIAL | Mentira, a nova arma
Crédito: Freepik

É crescente, pode-se dizer, que no mundo inteiro a preocupação com o modus operandi das chamadas redes sociais, mais amplamente, da própria internet, que as abriga, foi transformada numa espécie de terra de ninguém, onde cabe toda espécie de lixo.

Em países mais avançados, na América do Norte e Europa, a questão parece estar sendo levada mais a sério, sem que mais se fale em liberdade de expressão, direito de opinião ou censura. O engodo assumiu proporções tão graves que durou pouco, não sendo difícil imaginar que o futuro das empresas que operam estas redes, que hoje figuram entre as maiores do mundo, superando companhias das áreas financeiras e industrial, mereça ser definido como incerto.

De fato, como está não pode ficar, com o poder dessas redes, cuja audiência é medida aos bilhões, permanecendo virtualmente fora de  qualquer controle, permitindo disseminar a negação, e de forma mais e mais agressiva, de valores que são essenciais à vida em sociedade e à organização política.

Não falamos de liberdade e sim de sua própria negação, que aos poucos vai transformando a mentira, a falsidade, em instrumentos de controle social, numa distorção já comparada inúmeras vezes às técnicas e métodos de propaganda que levaram o nazismo ao poder na Alemanha e a Alemanha ao maior conflito de todos os tempos, do qual saiu devastada.

Principalmente os países que sofreram na pele os efeitos da Segunda Guerra têm medo, identificaram claramente  nova ameaça e já cuidam de detê-la. Todo esse contexto, já fartamente ilustrado, faz crer que os tais “freios de arrumação” não demorarão, dando fim às redes sociais tal como as conhecemos hoje. Também os Estados Unidos parecem caminhar na mesma direção, conscientes das proporções da ameaça.

Nessa direção o Brasil, igualmente ameaçado, parece não caminhar na mesma direção, postergando regulações que devem ser impositivas exatamente para preservar valores que são essenciais à maioria, impedindo que armas tão poderosas permaneçam fora de controle, ao alcance de quem as quiser utilizar na quase certeza da impunidade. Ainda agora, a propósito da defesa do “voto impresso e auditável”, já foi anotado uso impróprio das redes sociais, espalhando mentiras com aparente utilização de robôs que as multiplicam ao infinito.

A mentira, por óbvio, é sempre um risco demasiadamente grande, sobretudo quando utilizada da maneira como está fartamente comprovado. Assim, deter esta escalada enquanto ainda há tempo e condições para isso transformou-se em questão impositiva.

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