Opinião

EDITORIAL | Mentira, um novo padrão

EDITORIAL | Mentira, um novo padrão
Crédito: Adobe Stock

Conforme era previsto, a campanha eleitoral ganhou um novo e importante elemento, que em pouco tempo tornou-se preponderante. Estamos falando das mídias que são, a cada novo dia, menos sociais e cujo fim, por falta de credibilidade e, mesmo, ameaças institucionais, já se imagina não muito distante. Nada que não seja novo, nada que não tenha sido previsto e onde, apesar das muitas promessas feitas, muito pouco, quase nada, foi feito no sentido de conter, de fato, os abusos.

E deles nos dão conta pesquisa realizada e há pouco divulgada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontando que 7 em cada 10 anúncios políticos veiculados no Google estão em situação irregular, no sentido mais formal como identificação inadequada. E mais grave devido à veiculação de informações inverídicas. A pesquisa focou um aspecto, sem chegar a questões como o impulsionamento de mensagens através de robôs, páginas falsas e, sobretudo, mentiras.

Um quadro que, imagina-se, já tão perto da votação, só tende a piorar, enquanto se constata que quase todos utilizam as mesmas armas, variando apenas o poder de fogo de cada um. Daí a uma segunda conclusão a distância é mínima, ainda que não contenha um fato absolutamente novo. A mentira, o ataque que não mede consequências, tornou-se arma usual na política, com seus efeitos potencializados pelo alcance ilimitado das máquinas destinadas a propagá-las.

Sempre foi assim, dirão, com alguma razão, aqueles que, por cinismo ou apreço à verdade, que já no Império políticos e facções publicavam jornais que seriam desmontados, letra por letra, se alguém neles procurassem a verdade. Até mesmo o imperador Pedro I se ocupava, constantemente, dessas atividades que, evidentemente, não cessaram com a chegada da República.

Casos típicos desse período, entre muitos que poderiam ser lembrados, foram as acusações ao Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato a presidente, de ter chamado operários de “marmiteiros”, exalando preconceitos que podem ter custado sua derrota; de Juscelino Kubitschek, que chegou a ser apontado como um dos homens mais ricos do mundo, falou-se ainda mais; e de João Goulart, muito foi dito sobre o tal “ouro de Moscou”, que financiaria suas ambições. Jogo sempre pesado, repetimos, mas sem a capacidade de alterar a realidade, como potencialmente ocorre hoje.

Como não temos perdido oportunidade de assinalar, tudo isso significa alto risco e, como também já foi dito, demanda, diante da importância da eleição que se aproxima, observação, ponderação e reflexão que poderão representar o antídoto à gravíssima ameaça de que falamos.

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