Opinião

EDITORIAL | Mentiras e delírios

EDITORIAL | Mentiras e delírios
Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

Durante os últimos quatro anos, não será exagero afirmar, o Brasil caminhou sobre o fio da navalha, conforme os humores do então presidente e uma campanha permanente, fundada na mentira e no medo, tentando difundir a ideia de que o oposto a ele seria o comunismo. Comunismo que não existe, na verdade nunca chegou a existir, mas foi o inimigo, à custa de muita propaganda, construído para exatamente produzir o medo que justificaria o armamentismo, a cultura da força e do consequente domínio. Um movimento que na verdade nunca teve fim, pipoca aqui e ali, desde que a nobreza europeia enxergou na revolução russa uma ameaça potencialmente maior que a revolução francesa.

Conceitos que até hoje assustam, como temos visto, potencializados agora por ferramentas de comunicação sem controle e sem limites, ajudando a reproduzir o conceito nazista segundo o qual uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade. Tudo isso, felizmente para os brasileiros, não foi suficiente para evitar o pior, muito embora desde a conclusão do processo eleitoral, um pequeno grupo, manipulado, tentasse fazer o contrário. Tão grande o despropósito que chegou a defender o fim da democracia, como resultado de um golpe militar, para assegurar a liberdade.

O pior passou, felizmente, nos permitindo ver que as instituições saudáveis, pilares do sistema político que a maioria dos brasileiros escolheu, mesmo que ainda em processo de construção já são fortes o bastante para barrar aventureiros que não podem ser perdoados, mesmo que não saibam o que fazem. Neste domingo o presidente eleito por meio de um sistema de votação, que é aclamado como dos melhores do mundo, toma posse e na segunda-feira tem início um novo governo que carrega a responsabilidade de devolver a alegria aos brasileiros, reconstruir estruturas vitais e embicar na direção da recuperação econômica, num esforço que, espera-se, venha a ser de todos e para todos os brasileiros.

Será fundamental, nesse caminhar, colocar na devida medida e lugar a minoria, barulhenta mas sem expressão, que se desviou, iludida e afinal abandonada pelo ídolo que acabou se revelando, além de despreparado, tão frágil. Eis a realidade que deve ser tomada como sinal de alívio, ajudando a sepultar delírios e mentiras, para que possamos então nos ocupar do que interessa, criar condições para que o Brasil possa afinal retirar de seu reconhecido potencial o que ainda falta à maioria da população.

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