EDITORIAL | Minas: hora de fazer diferente

A peregrinação a Brasília prossegue, com governadores de pires nas mãos pedindo recursos para que a maioria dos estados se mantenha de pé, cumprindo compromissos mínimos, diante de um déficit bastante agravado pela pandemia, que ao mesmo tempo reduziu receitas e consumiu recursos que na realidade não existem.
Esta semana a ida a Brasília, na terça-feira, teve como destino outro endereço, a residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, onde foi servido um café da manhã. O cardápio, no entanto, foi repetido, o mesmo já bem conhecido de todos.
É o que resta a estes personagens, como regra herdeiros de uma situação que, salvo poucas e honrosas exceções, ajudaram a agravar. De qualquer forma, estão batendo em portas que têm pouco, quase nada, a oferecer, já que governadores e presidente da República são sócios no mesmo infortúnio. Uma realidade que nos recorda comentário feito recentemente neste mesmo espaço, quando, a propósito das dificuldades de Minas Gerais, lembramos que não basta reduzir custos, negociar dívidas, sem que ao mesmo tempo sejam feitos esforços para aumentar a receita, assunto de que pouco se houve falar, mesmo tendo em conta que aumentar impostos é um caminho esgotado.
Tudo isso, em síntese, porque nossos políticos só têm olhos para projetos de poder, perderam a perspectiva do planejamento e mais longe ainda estão dos projetos de governo. Minas Gerais, que já foi modelo, hoje não foge à regra e mudar, como temos dito e repetido, passa a ser a questão central para que reaprenda a planejar, focado nas suas vantagens competitivas. Por exemplo, sua localização central, o fato de possuir a maior malha rodoviária do País, condições de recuperar a malha ferroviária e um aeroporto que pode ser central para o tráfego aéreo no País. Estamos falando de logística, uma das condicionantes do futuro.
Por outro lado, estamos falando de oportunidades que o setor privado precisa saber identificar e aproveitar, enquanto do Estado se espera que seja, de fato, facilitador, aprendendo a tratar bem o investidor, a valorizar e estimular parcerias, preferencialmente no regime de concessões. Sim, temos respostas e temos o que oferecer, desde que compreendamos que planejamento é a chave para transformações e que afirmar que crise pode ser sinônimo de oportunidade não é apenas repetir frase de efeito.
Em resumo, temos muito que fazer e, melhor, temos muito o que fazer, aprendendo a agregar valor em áreas como a mineração e o agronegócio ou aproveitando melhor a base que possuímos em áreas industriais como a siderurgia e material de transportes. Eis o que nos oferece o planejamento.
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