EDITORIAL | Mobilidade emperrada

Não são poucos os que afirmam que trabalhar com transporte coletivo urbano já foi um bom negócio, que ajudou a construir algumas fortunas familiares nas principais cidades brasileiras. Não é mais, dizem os próprios empresários do setor, que há muito reclamam de aumento de custos que não são repassados às tarifas, que, hoje, principalmente depois do aumento de preços dos combustíveis, seriam deficitárias mesmo quando completadas por alguma forma de subsídio. Belo Horizonte não escapa à regra, razão por que algumas empresas saíram do mercado enquanto outras reduziram substancialmente suas frotas, comprometendo a oferta de seus serviços.
Também para os usuários, principalmente aqueles que não contam com alternativas, é uma situação que muito apropriadamente merece ser definida como beco sem saída, conforme foi claramente demonstrado nas últimas semanas. Transporte sobre rodas precário e limitado e o ferroviário, que igualmente não é capaz de atender à demanda, parado por mais de mês por conta de greve dos metroviários, encerrada só no início desta semana. Tudo isso, mais que dar o que pensar, deveria ensejar ações cuja falta deixa o poder público em débito com a cidade.
Belo Horizonte cresceu rápida e desordenadamente, distanciando-se por completo dos padrões então considerados ideais de seus planejadores e construtores. Deu no que deu e a tal mobilidade não passou de alguns discursos bem intencionados e muita propaganda direcionada não exatamente para a produção de soluções e sim a efeitos eleitorais. Resumindo, não há o que fazer, sobretudo depois de fracassados um a um os paliativos propostos, além da implantação de um verdadeiro serviço de transporte de massa, o metrô com linhas de extensão suficientes para criar uma malha subterrânea que cubra inclusive cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, ficando aos ônibus reservados os trechos de pequena e média distâncias, complementares quando necessário.
Fora desse parâmetro continuaremos adiando soluções, enquanto assistimos ao agravamento do problema e lembrando que as linhas-tronco do metrô deveriam estar concluídas a tempo de atender à demanda gerada pela Copa do Mundo de Futebol em 2014. E estamos falando de metrô de verdade, subterrâneo, que nem de longe lembra as modestas linhas de superfície existentes em Belo Horizonte, cuja expansão mesmo assim continua sendo apenas promessas.
Eis a incômoda realidade com que, direta ou indiretamente, todos os moradores da capital mineira, cujo crescimento seus fundadores nunca imaginaram continuam convivendo.
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