EDITORIAL | Mudando para pior

A Austin Rating, uma das maiores e mais reconhecidas agências de avaliação de risco, apontou, em sua avaliação relativa ao primeiro trimestre do ano, crescimento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o que recoloca o País entre os dez de melhor desempenho, com a nona posição num grupo de 34 países. O setor de serviços – transportes, turismo e comércio – sustentou a evolução positiva, tão significativa quando se verifica que, no levantamento anterior, ficou reservada ao Brasil a 21ª posição, enquanto a média geral ficou em modestos 0,3%.
Não há expectativa de que a situação seja revertida no curto prazo, seja para o Brasil seja em termos globais. As perdas decorrentes da pandemia e, agora, sobretudo, as incertezas geradas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia sugerem prudência, muita prudência, no cenário internacional. Novos movimentos de contração são esperados, mesmo que se comece a perceber que as sanções impostas à Rússia pelo Ocidente estejam de alguma forma sendo contornadas. Sobre os estudos da Austin e, mais, sobre a maneira como o Brasil neles está inserido, vale a pena chamar atenção para o fato de que, em 2020, o País alcançou a 23ª posição entre 44 países e, no ano passado, ficou em 19ª num grupo de 50 países. Entre os anos de 2012 e 2021, o crescimento médio da economia brasileira foi de 0,4% ao ano, enquanto o crescimento global ficou na média de 3% e os países emergentes alcançaram 3,4% na média.
As avaliações mais recentes sugerem que o País não será capaz de repetir o desempenho do primeiro trimestre, por conta principalmente da elevação dos juros e da inflação, da recente e ainda incerta escalada da Covid, além do quadro externo igualmente desfavorável. Embora não seja apontado, também pesa o desalinhamento da gestão pública, aparentemente incapaz de formular estratégias consistentes que levem à reversão de expectativas, além de indefinições políticas relevantes. Chama atenção, nesse contexto e diante dos prognósticos mais realísticos, a inércia, ou alienação, dos agentes públicos assim como dos candidatos que se apresentam à eleição de outubro.
Os dois que, aparentemente, serão decisivos no resultado final, se omitem e deixam de fazer qualquer referência consistente com relação à economia, considerando também questões como o empobrecimento da população. Se acusam mutuamente, mas não dão sinais de que tenham alguma estratégia para enfrentar os problemas que se apresentam, muito menos um projeto efetivo do qual se possa esperar capacidade para retirar o País do limbo em que se encontra.
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