EDITORIAL | Mudar e sem perder tempo

A política de preços da Petrobras para derivados de petróleo continua gerando falsas polêmicas, além de turbulência. Algo que não deveria e não precisaria acontecer, impondo sacrifícios desnecessários e, além do razoável, menos para aqueles que continuam entendendo a estatal como um estorvo. E estariam mais satisfeitos se continuássemos sendo apenas consumidores, atendidos pelas multinacionais do setor, bancando, assim, interesses que definitivamente não são os do País.
Recentemente, o presidente Lula voltou ao tema e para repetir que haverá mudanças na política de preços da Petrobras, acrescentando que não vê motivos para o País estar submetido à política de paridade de preços internacionais. Na mesma ocasião, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, adiantou que está sendo estudado o que chamou de “preço de competitividade interno”, sem explicar o que exatamente seria esta nova fórmula.
O nome, no entanto, sugere que poderia ser uma conta elementar, aquela mesma tantas vezes discutida nesse espaço, considerando o custo do barril extraído nas reservas brasileiras e mais as margens da Petrobras, inclusive para futuros investimentos. É o que faz sentido, é o que deveria ser lembrando que a cotação internacional, depois de recente elevação, está na casa dos US$ 80 por barril, enquanto o custo para a Petrobras, relativo à produção interna, não chega aos US$ 20.
A diferença, em proporções aviltantes, apenas engorda cofres que não são nossos mas, ainda assim, apresentada como o melhor ou como o possível para o País ou pelo menos para os acionistas da Petrobras. Nesse acerto falta, no entanto, um outro ponto a considerar. O Brasil concentrou esforços e recursos na prospecção e extração de petróleo, negligenciando o refino, o que gerou dependência externa e, nesse caso, sujeição às cotações internacionais, aquelas ditadas pela Opep. Um fato a considerar, porque tem peso na composição dos preços finais, ainda que não na proporção adotada nos últimos anos.
Havendo seriedade, havendo compromisso verdadeiro com os interesses que merecem ser considerados, eis a direção a caminhar. Para a adoção de uma política de preços mais inteligente e igualmente para a definição das prioridades, a partir de agora, de Petrobras. Uma visão mais clara e mais ampla que remete à necessidade, também crítica, de fortalecimento e expansão dos investimos em refino de tal forma que o País, que já é autossuficiente na produção de óleo cru, atinja o mais rapidamente possível esta condição também no que diz respeito a refinados. Definitivamente não existe outra forma de escapar de interesses externos que definitivamente não são os do Brasil.
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