Opinião

EDITORIAL | Mudar, mas para melhor

EDITORIAL | Mudar, mas para melhor
Crédito: Divulgação

O Novo Código Eleitoral, em discreta discussão na Câmara dos Deputados, prevê, entre outras novidades, maior controle sobre pesquisas de opinião, visando impedir que os eleitores sejam induzidos na sua escolha. O que se cogita é, por enquanto, a proibição da divulgação de pesquisas na véspera e no dia da votação, o que, equivocadamente, já está sendo apontado como censura. Apesar das críticas, as avaliações em Brasília são no sentido de que a maioria dos parlamentares seria favorável à medida, com votação prevista para os próximos dias.

Entendemos que na realidade a proposta é até tímida, considerando o histórico das eleições – e não só no Brasil – e das pesquisas de opinião, ultimamente incorporadas ao marketing político de maneira um tanto enviesada e precariamente controlada. Dessa forma, sua influência no processo eleitoral, nos resultados, tende a induzir a erros de variadas formas, da preferência natural pelo vencedor, ou suposto vencedor no caso, até a multiplicação dos chamados votos úteis, para não falar dos arranjos de última hora, movidos exatamente pelas pesquisas e não propriamente por convicções.

Se as pesquisas acreditadas podem produzir resultados indesejados, ou distorcidos, tanto pior são as consequências das pesquisas de encomenda, que podem ser construídas para comprovar exatamente o que o contratante deseja, quando não são por completo dissociadas da verdade. Se foi assim no passado, não é nada difícil imaginar o que poderia acontecer na era das fake news e dos robôs que prestam serviços exclusivamente à desinformação, atacando ou defendendo conforme a conveniência e, claro, o pagamento.

Para que todos estes fatores possam estar minimamente sob controle, garantindo a integridade das campanhas, da votação e dos resultados, é evidente que as mudanças precisarão ter muito maior fôlego, o que, vale acrescentar, nada tem a ver com a defesa do voto impresso que, nas circunstâncias, também só atende às más intenções.

Na realidade, e os resultados aí estão, tudo não passa de manobras que visam produzir a ilusão de mudanças enquanto servem a interesses menores e, principalmente, postergam reformas políticas, capazes de apagar os erros que foram sendo acumulados ao longo dos anos e, pelo menos, devolver aos brasileiros a esperança de que sempre será possível mudar para melhor, com democracia, com plena liberdade e com pleno resguardo dos valores que são essenciais à vida em sociedade.

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