[EDITORIAL] Mudar ou ficar tudo como está?
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Durante a campanha eleitoral seriam quinze, no máximo. No mundo real poderão ser vinte, talvez vinte e um. Estamos falando do número de ministérios que a um só tempo se tornaram símbolo do inchamento da máquina pública, da virtual ocupação do Estado por políticos associados a burocratas, tudo isso tendo como produto final a ineficiência e uma conta que não tem mais como ser paga.
Bolsonaro, o futuro presidente cuja vitória parece ter sido antes de tudo uma demonstração de indignação com esta situação, parece, aos poucos, curvar-se à realidade e repete algumas práticas já bem conhecidas. Alguns ministérios mudarão de nome, indicando que outros desaparecerão, enquanto pastas serão reunidas num só ministério. Parece movimento e na boa direção, aquela recomendável pela crítica situação das finanças públicas. Pode ser também apenas ilusão e prova de que as boas intenções do futuro presidente não são capazes de resistir à pressão dos políticos e das corporações, inclusive daquelas que têm a ilusão de que uma placa na porta e o nome “Ministério” têm a capacidade de produzir mais que despesas e ilusões.
São constatações preocupantes diante da situação em que se encontram as finanças públicas, situação que o candidato eleito remarcou incisivamente e prometeu corrigir. O que se verifica é que aos poucos a situação vai se acomodando e nos moldes de sempre. Os mais atentos já perceberam, por exemplo, que o prometido corte de ministérios, independentemente do resultado desse processo, não se faz acompanhar de indicações claras sobre o correspondente corte de pessoal e redução de gastos. O mesmo se aplica, entre desmentidos e confirmações, à questão da Previdência Social, do desequilíbrio fiscal, e cujo destino continua incerto.
O problema verdadeiro, é sabido, diz respeito à previdência pública, que ao longo do tempo foi acumulando vantagens que geraram privilégios absurdos justamente para os escalões mais altos e, ao fim e ao cabo, uma conta que estourou todos os limites do razoável. Mas desmontar essa máquina que já foi comparada à apropriação do Estado brasileiro por uma parcela – pequena – vai se revelando tarefa quase impossível. Afinal, os interesses contrariados são os mesmos que controlam e operam a máquina.
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Até aqui, nada que possa ser dado como novidade, nada que não seja bem-sabido, até porque na essência foi o principal mote do candidato vitorioso, apresentado também como paladino do combate à corrupção, cujos efeitos também estão de alguma forma registrados na contabilidade pública e assim engordando o déficit. Eis porque, a estas alturas, talvez a questão se resuma a saber se estamos apenas fingindo mudar para que tudo possa continuar como está.
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