Opinião

EDITORIAL | Ninguém ganha e todos perdem

EDITORIAL | Ninguém ganha e todos perdem
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Representantes do governo do Estado, Tribunal de Contas e prefeituras de Betim e Contagem voltaram a se reunir ontem para dar andamento às discussões sobre o traçado do Rodoanel, cujo leilão de concessão deve acontecer no dia 12 de agosto, na Bolsa de Valores de São Paulo, depois de dois adiamentos desde abril passado. Antes da reunião de ontem o conselheiro Cláudio Terrão, do TCE, disse considerar que conversar já é um avanço e agora trata-se de promover os ajustes que forem necessários para contornar os efeitos danosos apontados.

Na contestação do projeto apresentado pelo governo do Estado os municípios de Contagem e Betim têm sido os mais ativos, não excluindo a possibilidade de judicialização da questão. Para Contagem, nas palavras da prefeita Marília Campos, a principal preocupação com o traçado proposto diz respeito à bacia de Várzea das Flores e consequente comprometimento do abastecimento d’água na cidade, além de danos colaterais para a mobilidade no perímetro urbano. Betim, pela voz do prefeito Vittorio Medioli, aponta que o Rodoanel, mantido o projeto original, dividirá a cidade ao meio, prejudicando a infraestrutura urbana e a vida da população. Diz também que serão atingidas áreas densamente povoadas, gerando indenizações que aparentemente não estão sendo consideradas. Ambos acrescentam que faltou diálogo com todos os envolvidos.

O governo do Estado, por sua vez, tem sido mais discreto, sem esclarecer mais claramente as razões que determinaram o traçado proposto no projeto original, em tese aquele que vai a leilão no próximo mês. Com mais ênfase, aponta que recursos para a obra estão garantidos, em parte com as indenizações pagas pela mineradora Vale pelo colapso da barragem de contenção de rejeitos em Brumadinho, lamentando que os questionamentos surgidos atrasem o cronograma previsto para as obras, que são da maior importância para toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Aparentemente não há por que questionar as ponderações surgidas, mas importa mesmo ter em conta o que disse o conselheiro do TCE, ao recomendar muita conversa e disposição de corrigir os efeitos danosos que possam existir.

Não faz sentido mesmo é continuar perdendo tempo, é transformar em polêmica o que poderia ser resolvido com bom senso, no claro entendimento de que todos só têm a ganhar com a construção do Rodoanel e, finalmente, com o desafogo do Anel Rodoviário.

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