Opinião

EDITORIAL | No caminho do equilíbrio

EDITORIAL | No caminho do equilíbrio
Crédito: Picasa

Nem oito nem oitenta. A questão da demarcação de terras indígenas no País, assunto bastante antigo, vai, conforme a circunstância, de um extremo a outro e em qualquer hipótese distanciada dos interesses que realmente deveriam ser levados em conta, seja das populações indígenas que habitam a região, seja do aproveito racional das riquezas da região, em proveito do conjunto da população brasileira. Ele se aplica, mais amplamente, à questão da preservação da Amazônia, permeada de equívocos, quando não de interesses quando menos duvidosos. O vasto e rico território do Norte do País tem sido, ao longo do tempo, objeto de muita especulação, fruto de uma visão quase sempre distorcida, sendo suficiente lembrar que a própria soberania brasileira na região foi e é questionada sem qualquer cerimônia, com a floresta apontada como uma espécie de patrimônio mundial que nós, os brasileiros, não estaríamos sabendo cuidar, portanto delas devemos abdicar.

Também nesse caso, que volta à tona com recentes declarações do presidente da República e decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o desautoriza, não nos parece difícil, pelo menos para os mais lúcidos, perceber até que ponto pode chegar a manipulação e a distorção de informações. Seria encantadora, se fosse sincera, a decantada preocupação com a população local, notadamente da parte dos europeus, que dizimaram suas próprias reservas, como se repetiu na ocupação do território que hoje forma os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que promoveram a mais bárbara carnificina na África, inclusive alcançando uma população muito maior que a dos escravizados que vieram ter às costas brasileiras.

A Amazônia é brasileira, é absolutamente falsa a ideia de que seria uma espécie de pulmão do mundo, e a população local precisa ser cuidada. Bem cuidada, com acesso garantido à saúde e alimentação e sem que sua cultura seja apagada. É nosso dever e nossa obrigação cuidar disso, sem qualquer espécie de tutela que venha de fora, especialmente daqueles que pretendem fazer da região uma espécie de reserva, quase uma dispensa para os países ricos, que não tiveram esse cuidado e hoje querem se apresentar como vestais.

A Amazônia e seus habitantes originais devem ser bem cuidados e isso é tarefa que nos compete. Tarefa que jamais será alcançada sem a ocupação e a exploração, sempre racional e bem feita, livre de degradação, das riquezas locais. A própria floresta, para não morrer, para que o Saara não ressurja do lado de cá do Atlântico, não deve permanecer intocada, precisa e deve ser manejada sempre dentro da boa técnica, dos cuidados pertinentes. Em suma, é forçoso reconhecer que eternizando a pobreza, a imobilidade, jamais chegarmos a bons resultados.

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