EDITORIAL | No campo, passo à frente

Nas últimas quatro ou cinco décadas e a partir do trabalho conduzido pelo ex-ministro da Agricultura, o mineiro Alysson Paolinelli, a agropecuária brasileira deu um salto notável até fazer do País, hoje, um dos maiores produtores mundiais de proteínas animais e grãos.
A rigor, um salto com as marcas do conhecimento, do planejamento e da inovação que representa, muito provavelmente, o mais bem-sucedido exemplo de integração, complementação e sinergia dos setores público e privado. E um salto, vale acrescentar, que também representa, pelo menos nos últimos dez anos, o ponto de sustentação da economia brasileira.
Cabe mais que exaltar esta bem-sucedida experiência, ao que tudo faz crer, próxima de fazer do Brasil o maior produtor de alimentos no planeta. Este capital, de conhecimento, principalmente, pode e deve ser o ponto de sustentação de um projeto ainda mais ambicioso, capaz, sem exagero algum, de definir o futuro – e a força – da economia nacional.
Trata-se de multiplicar as riquezas geradas no campo, agregando-lhe valor, via industrialização, o passo natural na sequência da experiência e do sucesso acumulado nos últimos anos. Um esforço que significa também minimizar os riscos da nem sempre cômoda condição de vendedor de commodities.
Como dito acima, o País acumulou experiência e ganhos de produtividade, em alguns casos acima das melhores marcas mundiais, mantendo a liderança em culturas tradicionais, como o café, e já bem próximo de alcançar a mesma posição com a soja. O passo à frente, para que se consolide sua posição nos mercados internacionais, é o beneficiamento e industrialização, evidentemente com fortes e positivas repercussões na economia nacional.
O que não faz sentido, o que nós brasileiros não podemos aceitar como fato consumado é que nosso País seja o maior produtor mundial de café, com volumes e qualidade reconhecidos, enquanto a Alemanha, que não deve ter um único pé de café plantado, seja o maior beneficiador, com ganhos que não tem comparação com os nossos.
Eis o exemplo mais forte, mas certamente não o único, não fazendo sentido também que continuemos sendo o maior exportador mundial de soja, porém com vendas apenas de grãos e sem qualquer esforço para ampliar, por exemplo, a produção e oferta de óleo.
A lógica, elementar no caso, nos aponta a direção a seguir, se realmente temos a ambição de fazer do Brasil o grande – e sustentável – produtor mundial de alimentos.
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