EDITORIAL | No voto, a esperança
Em circunstâncias tão singulares quanto difíceis, o Brasil começa a decidir, neste domingo, os rumos de seu futuro, fazendo escolhas que serão com certeza cruciais, a partir do diagnóstico do que precisa ser realizado e do que não pode continuar, conforme afirmou, em artigo recentemente publicado nesta página, o empresário e presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Fernando Valente Pimentel. Sua avaliação com certeza reflete o pensamento da maioria dos empresários brasileiros e vale a pena, na véspera da votação, tomar emprestadas suas palavras, começando pela lembrança de que o fundamental é o Estado parar de servir-se da sociedade para servi-la, deixando de gastar mais do que arrecada, prestando bons serviços nas áreas de saúde, educação, segurança pública e atuando como fomento econômico e não mais como inibidor. Em suma, e conforme está escrito no artigo publicado no último dia 7, o ponto de partida é o Estado brasileiro “deixar de ser semeador de insegurança jurídica e péssimo exemplo de fisiologismo ao relegar os interesses de todos em favor da ambição de alguns poucos”.
Não será exagerado afirmar que, em tão poucas palavras, estão definidos os marcos essenciais da governabilidade entendida como posta exclusivamente a serviço do bem comum. Não é apenas o esperado, é o necessário, o fundamental diante das múltiplas dificuldades que o País enfrenta e, neste momento, diante também da esperança de que mudanças possam, afinal, acontecer. Depende, agora, das escolhas que os eleitores farão neste domingo e, possivelmente, concluirão no segundo turno. De um lado o voto de qualidade, a escolha consciente, de outro o compromisso com a ruptura que abrirá espaço para a construção definitiva de um Estado capaz de oferecer abrigo a uma sociedade organizada de forma mais justa e equilibrada, capaz de gerar e partilhar sua prosperidade.
Parece distante, quase uma utopia, mas continua sendo possível, sobretudo porque, nestes 33 anos de redemocratização, vivemos momentos difíceis, mas fomos capazes de superá-los e manter intactos os preceitos que fundamentam a ordem democrática e a integridade institucional. Essa base consistente permite que se realizem mudanças na gestão pública, com políticas de Estado consistentes de curto, médio e longo prazos. As eleições de domingo podem sim representar o marco das transformações reclamadas, com a convergência, afinal, das prioridades nacionais e o Estado recolocado na condição de indutor e parceiro do desenvolvimento econômico, investimentos produtivos, distribuição de rendas e melhor qualidade de vida para os duzentos e poucos milhões de brasileiros. Em cada voto reside o poder dessas transformações nas quais mais que nunca é preciso acreditar e defender.
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