Opinião

[EDITORIAL] O desafio é muito maior

Diante dos problemas apontados, em que foi dito, pelo próprio governador, que o Estado estava tecnicamente quebrado e em situação financeira que seria a pior na comparação com as demais unidades da Federação, as medidas já anunciadas para corrigir a situação e restaurar o equilíbrio parecem tímidas. Pior, parecem insuficientes e em alguns aspectos estão distantes do que foi prometido durante a campanha eleitoral. Como dizia então o hoje governador Romeu Zema, o “carrapato ficou maior que a vaca” e, nessas condições, acrescentaríamos, não há como esperar que a pobre da vaca, cujas tetas também não são suficientes para todos que desejam mamar, tenha chances, mínimas, de sobrevivência.

Numa análise preliminar e, portanto, ainda superficial, é difícil não concluir que as medidas propostas acabaram se revelando tímidas e, pior, capazes de garantir os reparos recomendáveis, além de questões tão elementares como o restabelecimento do pagamento regular ao funcionalismo e a fornecedores. E como não há hipótese de se elevar a arrecadação aos volumes necessários para fazer face a uma conta que não para de crescer, quase sempre injustificadamente, restaria o caminho contrário, exatamente como foi proposto. É claro que se pode imaginar que a equipe encarregada de reajustar as contas e promover os cortes necessários para isso, esbarrou com obstáculos provavelmente monumentais. Obstáculos e maus costumes com certeza, num contexto em que faz pouco ou nenhuma diferença a decisão do governador – cumprindo promessa de campanha e com um caráter simbólico meritório – de alugar sua própria residência, onde viverá às próprias custas – e também confirmada na última semana.

Na realidade, em toda esta discussão, e como já foi lembrado neste espaço, continua faltando um capítulo essencial. Seria preciso, antes de mais nada, saber como, quando e porque o Estado, não faz muito tempo apontado como exemplo de boa gestão com bons resultados, chegou ao ponto a que chegou. Se foi, como dizem, consequência do déficit previdenciário e do aumento de despesas com pessoal, erros monumentais foram cometidos e estão faltando sinais mais claros de disposição de corrigi-los. E não seria o momento de discutir se o Estado precisa ou não precisa de tanta gente. Os atrasos nos pagamentos, a dívida acumulada, contêm elementos mais que suficientes para que a única resposta possível seja dada. É preciso fazer mais com menos e, como regra, é sabido que na administração pública, e não apenas em Minas, existe espaço de sobra para esse tipo de exercício.

Certo é que o caminho apontado até agora não sugere que os avanços prometidos, e imprescindíveis, já acontecem. E continuaremos dando voltas enquanto o novelo de problemas vai crescendo, já bem perto do limite do suportável.

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