Opinião

EDITORIAL | O fantasma está de volta

EDITORIAL | O fantasma está de volta
Crédito: Pixabay

Durante a campanha eleitoral, quem não se lembra, o então futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, era apresentado pelo candidato Jair Bolsonaro como seu “Posto Ipiranga”, o homem que tinha todas as respostas, capaz de dar um rumo melhor à economia do País. Como o próprio candidato dizia desconhecer o assunto, atribuía a seu escolhido a condição de superministro, figura central de seu governo, no caso de vitória.

Profissional reconhecido como competente e bem-sucedido empresário no mercado financeiro, Guedes representava, àquelas alturas, uma espécie de garantia para o dito “mercado”, encantado com suas ideias liberais, da escola de Chicago.

Em quase três anos de governo muita coisa mudou, e para pior, em teoria tornando ainda mais necessários os conhecimentos e a autoridade do ministro da Economia. Nem de longe foi o que aconteceu, com o governo, que em campanha prometia justamente o contrário, rapidamente curvando-se aos piores hábitos da política, inclusive o apetite para um segundo mandato, tudo isso tendo como sinônimo a gastança descontrolada, o abandono das políticas de restauração do equilíbrio fiscal e, de forma evidente, a desidratação do Ministério da Economia, que há poucos dias perdeu o comando da Previdência Social, que por conveniências políticas e eleitoreiras recuperou seu status ministerial.

Guedes, inteligente, com toda certeza já se deu conta da situação e dela não escapa, acreditam alguns, exclusivamente porque ainda tem esperanças de poder fazer alguma coisa.

Afinal, fica difícil, se não impossível, continuar sustentando o devaneio de que a economia brasileira ingressou numa rota consistente de recuperação, tanto quanto perder de vista que a inflação, que está a um passo de voltar a ficar fora de controle, já deixou para trás o teto estabelecido e em 2022 poderá, num prognóstico talvez otimista, chegar aos 8%. Por horas, como única reação, a escalada dos juros, em proporções muito preocupantes considerada a fragilidade da economia. Teimosamente o mesmo remédio de sempre, aquele do qual já foi dito que a única diferença entre ele e o veneno é a dose. Algo que lembra muito os tão falados tratamentos alternativos para a Covid, tão defendidos quanto ineficazes.

É triste, lamentável, que o Brasil regrida a este ponto, ameaçando pôr a perder todos os esforços representados pelo Plano Real, que deu ao Brasil 27 anos de confortável estabilidade monetária, realizando o que parecia impossível, mas que começou a se perder talvez quando a obsessão da reeleição passou a condicionar todas as ações dos presidentes que vieram depois de Itamar Franco.

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