Opinião

EDITORIAL | O impasse desastroso

EDITORIAL | O impasse desastroso
Crédito: Divino Advíncula/PBH

A prefeita Marília Campos, de Contagem, merece ser incluída no cada vez mais restrito rol de políticos sérios e operosos, avaliação que suas reeleições endossam plenamente. Exatamente por suas qualidades, que admiramos, não conseguimos compreender suas atitudes diante do planejamento das obras de construção do futuro Rodoanel, que impactará positivamente toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte, que conta com recursos bastantes para sua execução, mas esbarra na falta de entendimento entre os municípios que serão cortados por seus cento e poucos quilômetros.

A rigor, a falta de entendimento, na realidade já um impasse que foi parar nas barras dos tribunais, se dá, principalmente, entre o governo estadual e as cidades de Betim e Contagem, impedindo o avanço do projeto que, fossem outras as condições, já poderia estar bem próximo do início das obras.

Envolvendo os 34 municípios que formam a região metropolitana, concórdia plena e pacífica seria bastante difícil, quase impossível, num contexto político tão fragmentado e onde as decisões não costumam guardar proximidade com o interesse coletivo. Não parece ser diferente agora, em que todos dizem desejar o Rodoanel, mas desde que não sejam incomodados, situação a que são mais sensíveis justamente os municípios maiores, justamente os dois que se envolveram na peleja, chegando ao extremo do pedido de embargo judicial.

Quem conhece a região, ainda que simplesmente porque se desloca nos seus limites, sabe do que estamos falando, conhece a saturação e os riscos do Anel Rodoviário e reclama soluções mais ousadas. Quem conhece a política talvez tenha razões para acreditar que os óbices sejam de outra ordem, principalmente em ano eleitoral. E assim, mais uma vez, aquilo que diz respeito à maioria, ao verdadeiro papel dos agentes públicos, fica em segundo plano, não parece ter nenhuma importância. O caso presente é particularmente ilustrativo, seja se avaliado o impacto da obra, seja se entenda a rara situação em que os recursos estão no cofre aguardando apenas as ordens de serviço.

É claro, evidente, que as melhores soluções são as que devem ser as adotadas, nascidas de um processo de consenso e da importância do tema em discussão, que exige flexibilidade e busca permanente de convergência, sem que se transforme numa disputa que pode não ter fim. E em nada deveria importar as preferências políticas de cada um dos personagens dessa já triste história, em que mais uma vez o bem comum, o interesse de cada indivíduo, fica à margem das discussões e decisões.

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