Opinião

EDITORIAL | O lugar da Petrobras

EDITORIAL | O lugar da Petrobras
Crédito: Reuters/Sergio Moraes

O assunto é tão importante que nunca será demais voltar a ele para denunciar as manobras daqueles que, literalmente, pretendem tomar posse da Petrobras, de preferência para vendê-la e assim evitar intermediários. Estamos falando de alguns senhores do mercado, das bolsas e áreas financeiras, que adoram proclamar a independência da estatal, dizendo que ela só não está acima de seus acionistas, longe portanto de ser uma empresa brasileira, umbilicalmente ligada aos interesses estratégicos do País. Falam grosso, falam como donos e, curiosamente, dizem que respondem e têm que defender exclusivamente os acionistas, esquecidos de que o maior deles felizmente ainda é o Estado brasileiro, por seus representantes palavra final em quaisquer circunstâncias.

Vale sempre lembrar que a Petrobras, apesar das resistências autoexplicativas, foi concebida e construída para assegurar suprimento de petróleo ao País. À época, diziam, uma aventura quase ensandecida, posto que missão norte-americana já comprovara que não existia petróleo no País, em condições de exploração comercial. Hoje, diante de uma realidade que nem mesmo os mais otimistas chegaram a prever, vêm com uma história diferente, justamente a conversa dos acionistas ou referências a mal explicados casos de corrupção na estatal. Nesse último caso, evidentemente, seria mais lógico chamar a polícia, a sério, nunca renunciar à empresa, sonhando em ficar livre dela como disse o presidente Bolsonaro, tratando-a como se fosse uma espécie de estorvo.

Com um mínimo de inteligência e isenção, qualquer pessoa que parar diante de uma bomba, num posto de gasolina, entenderá que a Petrobras não foi feita para estar no mercado e sim para cumprir um papel estratégico, garantindo que não nos falte petróleo e seus derivados, disponíveis a preços que possam ser pagos. Não se trata absolutamente de um compromisso com acionistas, mas simplesmente o elementar entendimento de sua verdadeira razão de ser, dos esforços para colocá-la de pé e, muito mais além, para transformá-la em detentora de reservas que figuram na lista das maiores do planeta e são razão de indisfarçável cobiça.

Chega, portanto, de tanta conversa mole, de continuar vendendo a ideia de que a Petrobras seria uma empresa como qualquer outra, destinada exclusivamente a produzir lucros para seus acionistas, ainda que à custa de arranjos como os que acabam de ser denunciados para pagar pesadas – e indevidas – indenizações nos Estados Unidos. Por elementar, a Petrobras é brasileira e deve continuar assim, livre para atender aos interesses locais e não à gula de quem sabe muito bem o seu valor. 

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas