Opinião

EDITORIAL | O lugar para Minas Gerais

EDITORIAL | O lugar para Minas Gerais
Crédito: Gil Leonardi

Depois de conhecer, nos anos 70 e 80 do século passado, um ciclo de expansão industrial sem precedentes, fruto, principalmente, de planejamento bem feito e agressiva atuação de órgãos públicos de fomento, a economia de Minas Gerais, já nos anos 90, parecia ter perdido o fôlego. Uma situação que essencialmente não se alterou com a virada do século e se mantém num processo em que mais chama atenção a desindustrialização, fenômeno apontado com ênfase e constância pela própria Federação das Indústrias e que se repete nacionalmente, talvez em menor escala.

Um quadro que, como também acontece com a economia nacional, só não é pior por conta do bom desempenho do agronegócio, em que Minas Gerais aparece como líder em diversos segmentos, especialmente no que toca à produção cafeeira. Aparentemente, apontam os estudiosos, os bons resultados do século passado se perderam, ou não tiveram continuidade, porque não foi percebida a necessidade de diversificação da economia que, no plano industrial, prosseguiu concentrada na siderurgia e mineração, sem que se cogitasse, a partir desses pilares, no incremento de atividades complementares. Uma realidade que fica ainda mais visível quanto se considera que o Estado concentra a produção nacional de aço inoxidável, enquanto a produção de utensílios que utilizam essa matéria-prima acontece, sobretudo, no Rio Grande do Sul.

Olhar para frente significa também perceber este ambiente para entender onde exatamente erramos ou perdemos o rumo. Esta a grande discussão que, de momento, deveria ter como um dos palcos principais os palanques da campanha eleitoral. Ou, como já foi dito, talvez com uma releitura, atualizada, do Diagnóstico da Economia Mineira, dos anos 60, em que o economista Fernando Roquete Reis e sua equipe apontam os rumos que produziram tão bons resultados. Minas Gerais não pode e não deve perder de vista suas mais fortes vocações econômicas, sabidamente centradas na mineração e agricultura, mas deveria também entender que o segredo, a fórmula mais ao seu alcance, é agregar valor a estes produtos primários, via beneficiamento.

Não parece existir dúvidas quanto ao fato de que a transformação do futuro, para melhor,  encontrará sua melhor expressão se for este o caminho escolhido. E um processo que necessariamente daria suporte à diversificação do parque industrial, fortalecendo e recuperando empresas de médio porte, assim gerando mais empregos e mais renda. Tudo isso e mais a recuperação do espaço político que Minas Gerais perdeu no plano nacional, fator que não pode deixar de ser apontado entra as causas de suas dificuldades atuais.

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