EDITORIAL | O Natal com bom exemplo

A decoração natalina da Praça da Liberdade, uma das tradições caras aos festejos de fim de ano em Belo Horizonte, ganhou neste ano, além do brilho costumeiro, conotações diferentes e positivas. Este trabalho – e seus custos – sempre foi assumido pela Cemig que, em tempos de compulsória austeridade, anunciou que não teria condições de assumir o encargo. Em consequência, houve quem imaginasse que neste ano a Praça permaneceria às escuras. Não foi o que aconteceu e as luzes e enfeites natalinos estão presentes como sempre, com seu colorido que se transforma em atração todas as noites.
A reversão de expectativas se deve, principalmente, à pronta intervenção da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) e seu presidente Marcelo de Souza e Silva, que, com outros parceiros, inclusive a própria Cemig, assegurou que a tradição fosse mantida. Algo que significa bem mais que luzes coloridas, refletindo a beleza da Praça e seu conjunto arquitetônico, somando fé, alegria e, sobretudo, confiança, além de senso de oportunidade. Afinal, criar e alimentar o clima natalino, com suas tradições de troca de presentes, significa também reforçar o momento mais importante, em termos de vendas, para o comércio lojista. Para a CDL, um protagonismo cidadão, com participação também da Federação do Comércio, cumprindo uma tarefa que é muito mais sua do que do Estado. Na realidade, e em uma escala evidentemente maior, foram repetidas experiências semelhantes, tradicionais em outros pontos da cidade, bancadas pelos principais interessados.
É assim que tem que ser: a Cemig – e o governo do Estado – com uma postura que não deveria ser diferente, da mesma forma no que toca aos comerciantes, liderados pela CDL, que de certa maneira são os donos da festa, pelo menos no seu aspecto não religioso. De tudo isso também nos chama atenção os gastos realizados com a decoração da Praça da Liberdade, que diretamente, segundo informações dos responsáveis, neste ano não chegaram a um milhão de reais, contra mais de quatro milhões de reais em 2018.
Dinheiro público, que muitos, erroneamente, imaginam não ter dono, é sempre mais fácil de ser gasto e estamos diante de mais um bom exemplo desse fato que, por óbvio, mereceria ser mais bem esclarecido. Afinal, mesmo com eventuais diferenças entre o que foi feito no ano passado e agora, aparentemente não se justifica a variação de custos. Saber o que houve para aprender e, sobretudo, para não repetir. No mais, esperamos que a população de Belo Horizonte possa ter um bom Natal, e só cabe aplaudir e comemorar a saudável mudança de atitude.
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