Opinião

EDITORIAL | O pêndulo da história

EDITORIAL | O pêndulo da história
Crédito: Adobe Stock

O movimentos pendulares da história se repetem ao longo do tempo e, no último deles, a Grã-Bretanha, o império onde o sol nunca se punha, cedeu sua posição para os Estados Unidos, que a partir do fim da Segunda Grande Guerra se autointitulou líder do que chamou, por conta própria e refletindo a sua visão, de mundo livre. E desde então chamou a si a condição de xerife do planeta, se atribuindo, mais uma vez por conta própria, o direito de estabelecer o que é bom e o que é ruim. Só se esqueceu justamente dos movimentos pendulares.

A um ponto que nas alturas dos anos 70, no século passado, se imaginava tão rico e poderoso que entendeu não ser compatível com seu status, o trabalho duro, pesado e sujo na siderurgia ou na indústria de material de transportes. Tão convencidos que entenderam que a partir daí produziriam exclusivamente conhecimento, reservando ao mundo periférico o trabalho pesado. Essa visão distorcida e pretensiosa não durou muito, mas o suficiente para abrir brechas que possibilitaram, por exemplo, a expansão da indústria siderúrgica brasileira, da automotiva no Japão, depois na Coreia e, sobretudo, o incrível salto econômico da China. O país já é a segunda economia do planeta e caminha para chegar ao primeiro lugar, movimento que não parece ter volta.

Talvez pretensiosos, acostumados à sua própria propaganda ou à imagem hábil e propositadamente construída a partir de Hollywood, se deram conta tardiamente do que já havia acontecido. E reagiram. No início do ano o presidente Joe Biden declarava, um tanto provocativo e pretensioso, que seu país não poderia permitir o crescimento e a supremacia da China e não mediria esforços para isso. A fala parece marcar o início de uma ofensiva tardia e pouco inteligente, além de fundada em toda ordem de provocações. Taiwan, Coreia e, mais recentemente, o estímulo e patrocínio à tentativa da Otan, contrariando antigos e reconhecidos tratados, de cercar a Rússia são alguns dos sinais dessa ofensiva. Como agora, a decisão de não vender componentes eletrônicos à China, além de outras restrições no campo da economia e que atingem também a Rússia.

Custaram a acordar e tudo leva a crer que estão chegando. A China, não nos esqueçamos, tem quatro mil anos de história, acumulou conhecimentos e uma vitalidade que fazem toda a diferença, começando por explicar sua experiência e os resultados das últimas décadas. São avanços medidos em capacidade de produção, inteligência e inovação que simplesmente não há como reverter, até mesmo porque suportados por um poderio bélico difícil de ser confrontado. São os fatos ou mais um movimento do pêndulo da história.

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