EDITORIAL | O que está por ser dito

A campanha eleitoral, que será concluída com a votação em segundo turno dentro de pouco mais de duas semanas, avança sem sair do lugar. As eleições estaduais, onde as decisões foram adiadas, ficaram em segundo plano e só não estão de todo invisível porque persiste a busca de alianças que têm por finalidade exclusiva engrossar apoios aos dois candidatos que concorrem à Presidência da República.
E dessas bandas só não se pode falar de incômodo silêncio porque prossegue, e com sinais de que poderá ser ainda pior nos próximos dias, a troca de acusações entre os dois que, confundindo ainda mais, quando não trocam farpas, exibem suas diferenças, um deles afirmando que o Brasil está dando lições de bom comportamento e gestão competente ao mundo, outro cuidando de lembrar que a ficção está muito distante da realidade.
Duro é pensar que desse debate, ou mais precisamente da falta dele, sairá o nome escolhido para ocupar nos próximos 4 anos a cadeira mais importante da administração pública do País. Os dois já deveriam, a estas alturas dos acontecimentos, dizer por que submetem seus nomes ao escrutínio dos eleitores e o que exatamente pretendem fazer, quem estará a seu lado na dura tarefa que, fatalmente, terão pela frente. Esse debate, fundado na troca de ideias e de propostas, é peça essencial do processo, da própria democracia, portanto, trazendo visão de futuro e induzindo a escolha que será feita no domingo, dia 30.
Trata-se do elementar entendimento, independentemente do que convenha ao discurso de campanha dos dois candidatos, de que nos próximos 4 anos ou o País encontra meios e energia para sair do buraco que cavou tão fundo, ou entrará de vez num processo acelerado de regressão de consequências certamente dramáticas e imprevisíveis. Estamos apontando um país que reduziu investimentos essenciais em áreas tão críticas quanto saúde e educação, onde pesquisa e ciência, passaporte para o futuro, estão de lado, tornando mais longa a distância que nos separa do Primeiro Mundo, em algumas situações nos pareando com o grupo de países mais atrasados e mais pobres.
Nada, enfim, que possa ser alterado por um passe de mágica e com a velocidade das nossas urgências. Este o mundo real, ou o país real, aquele para o qual o candidato que sair vitorioso no dia 30 terá que ter prontas e bem ensaiadas as respostas. Mais que respostas, um compromisso verdadeiro e, que não se enganem, é dele, precisamente, que os eleitores querem saber, para que façam sua avaliação, antecipando a melhor decisão.
Ouça a rádio de Minas