Opinião

EDITORIAL | O que falta para acelerar

Uma virada da economia, talvez não ainda com a velocidade desejada e necessária, pode, talvez, estar mais perto do que se imagina. Eis o entendimento de alguns empresários, mineiros inclusive, que já identificam sinais positivos, como recuperação de vendas no varejo, ampliação da oferta de crédito e redução de juros, e acreditam, a partir de suas observações e de olho nas encomendas à indústria, o quarto trimestre do ano poderá revelar boas surpresas.

O importante, dizem, é que exista também um maior grau de previsibilidade, acompanhada de segurança jurídica que ainda representa incômodo para investidores.

Nesse rol, e dando-se por certo que a etapa mais dura da reforma do sistema previdenciário ficou para trás, a questão de momento é a reforma tributária, acompanhada das medidas, já anunciadas, mas ainda pendentes de alguns acertos, de simplificação e facilitação dos negócios em geral.

Para quem acompanha o que se passa em Brasília, persistem dúvidas relevantes com relação aos prazos e rumos da reforma tributária, sobre a qual existiriam pelo menos três ou quatro versões, algumas conflitantes, como ficou bem claro na semana passada com a demissão do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, ex-deputado e especialista na matéria, que ganhou fama com sua defesa do então chamado imposto único, questão que igualmente divide opiniões.

Para alguns, um quase milagre, para outros uma aventura que não prosperou em nenhum outro país, o que bastaria para condená-la.

Cintra nunca escondeu suas ideias que, supunha-se, seriam o aval para sua escolha. Suposto patrocinador do renascimento do antigo imposto sobre cheques, endossado em alguns momentos pelo ministro Paulo Guedes, acabou perdendo a cadeira porque o presidente da República deixou claro que não haverá uma nova CPMF, menos ainda aumento da carga tributária.

Toda essa conversa, assim como os desencontros provocados, tem uma lógica, abrindo espaços para muitas discussões. O problema, o grande e verdadeiro problema, é que tudo isso significa também parar o tempo, desorientando e desanimando aqueles que mais dependem das decisões a serem tomadas.

Lamentável que isso aconteça no justo momento em que o clima, na economia e na esfera dos negócios, dava sinais mais animadores, conforme assinalado no início desse comentário. Tudo isso sugere que a persistência das incertezas e, consequentemente, a falta de uma visão minimamente clara sobre o que virá em seguida é, na realidade o verdadeiro, ou o principal, gargalo que mantém a economia em marcha lenta, num processo em que as boas previsões sempre acabam adiadas.

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