EDITORIAL | O que vem primeiro?

Há cento e poucos anos, na sua fundação, Belo Horizonte chegou a ser referência mundial pelo ineditismo de ser uma cidade planejada, obedecendo a um projeto urbanístico inovador e diferenciado. A rigor, não será exagerado afirmar que o projeto original, tão louvado, sequer chegou a ser executado na sua íntegra e no tempo previsto. Os obstáculos, a rigor, foram os mesmos de sempre, agravados por um crescimento acelerado e muito além do previsto, em tempo e volume.
Planejamento deu lugar à improvisação, quando não abandono, e os resultados foram aqueles bem conhecidos. Dentre eles inclui-se a mobilidade, essencial em todos os sentidos, começando pelo bem-estar da população e terminando com restrições econômicas que inibe a competitividade e, consequentemente, o crescimento em bases mais saudáveis.
Hoje, Belo Horizonte está diante de oportunidade, num contexto sem precedentes, de promover grande melhoria nas condições de circulação, não apenas para a cidade, mas para toda a região metropolitana, representada pela possibilidade de construção do Rodoanel. Como é amplamente sabido, esta obra rodoviária, com pouco mais de 100 quilômetros de extensão, desafogaria o atual e precário Anel Rodoviário, desviando o tráfego pesado que passa pela região, com benefícios que são notórios em termos de segurança e economicidade.
Tudo poderia estar caminhando com agilidade, o projeto poderia estar concluído e o início das obras bastante próximo, já que serão financiadas com recursos já disponíveis, provenientes de parte da indenização da Vale pelo desastre de Brumadinho, há três anos. Mas, como em tantas outras ocasiões, o ideal está distante da realidade, com uma querela que parece não ter fim com relação ao traçado, amparadas em medidas judiciais que apenas negam o bom senso. Para resumir, estamos perdendo tempo, tempo que custa vidas, além de prejuízos que nunca poderão ser compensados.
Dissemos neste espaço, tão logo foi anunciada a engenharia financeira que garantiria a construção do Rodoanel, que até então parecia um daqueles sonhos sempre adiados, que seria crucial o entendimento entre os municípios que integram a região metropolitana, pois foi exatamente o que faltou, não se sabe se por falta de visão ou exagerado apetite político.
Fato é que está tudo parado, enquanto sobram acusações sobre interesses nada republicanos, que condicionariam o traçado ao melhor interesse de futuros concessionários. A administração estadual nega, diz que a proposta apresentada combina o que de melhor se poderia fazer, inclusive em termos de custos. Certo é que o entendimento, baseado no melhor interesse coletivo, nunca foi tão necessário.
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