Opinião

EDITORIAL | O real e o desejado

EDITORIAL | O real e o desejado
Crédito: Divulgação

Até que aconteçam as transformações tão reclamadas, não será demais repetir que, com o tamanho dos problemas que enfrenta e dos desafios que estão pela frente, o Brasil precisa novo sentido à política, revivendo o conceito de ser esta a mais nobre das atividades humanas. Falamos de trocar imediatismo e personalismo e suas ambições pessoais que lhes são associadas pela construção de um projeto de Estado, que independa da vontade e preferências de indivíduos ou partidos. E que seja permanente, de sorte a possibilitar que afinal se possa desenhar e executar um projeto de Estado, consensual e permanente, aproximando Brasil e brasileiros do futuro sempre adiado.

Faltando 9 meses, pouco mais, para as eleições de outubro, não é o que se percebe nos movimentos de candidatos de fato ou potenciais. Nenhum deles se ocupa de desenhar, ou pelo menos esboçar, um projeto e sim da construção de alianças, até mesmo as improváveis, desde que à frente se traduzam em votos, tanto melhor se no volume que indique vitória. Esse ritual, dizem os entendidos, pode consumir toda a primeira metade do ano, ficando o tempo restante para a apresentação de propostas e os engessados debates, plenos de acusações levianas, de conveniência, e promessas a serem esquecidas na hipótese de sucesso.

No Brasil de mais de três dezenas de partidos políticos ainda vota-se no indivíduo, no candidato que melhor encarne as ilusões dos eleitores, não necessariamente suas necessidades. Como tem sido até agora e desde que a República está de pé, permanece o sonho, ou a ilusão, do salvador da pátria, como se ainda não fosse possível entender que a única certeza, para o virtual eleito, é que mais dia menos dia terá que se jogar nos braços e ambições da maioria parlamentar, hoje apelidada de Centrão. Ou mudar o discurso para que tudo continue exatamente como está, independentemente de quem tenha melhor sorte na escolha final.

Assim, fácil mesmo é concluir que estamos, os brasileiros, diante das causas e das consequências da situação lembrada para abrir o comentário de hoje, traduzindo, nos dois lados da moeda, uma realidade muitíssimo preocupante e que não comporta ilusões. Hoje, talvez nem mesmo para sustentar que o eleitor, dono da palavra final, é quem decide, mais uma das ironias, ou perversidade, com que temos sido obrigados a conviver. A esperança é que haja reflexão na escala necessária para, afinal, alterar a realidade, começando pela escolha de parlamentares, deputados e senadores, que aportem as virtudes tão reclamadas quanto essenciais no espaço político.

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