Opinião

EDITORIAL | O real e o sonho

EDITORIAL | O real e o sonho
Crédito: REUTERS/Bruno Kelly

Pelo menos meia dúzia de nomes conhecidos no meio político, além de paraquedistas que podem cair na tentação de trocar prestígio no meio artístico ou jornalístico por votos, estão na corrida eleitoral. São ambições, são movimentos ensaiados para angariar suposto prestígio e, adiante, quem sabe, favores como resultado de alianças que ainda acontecerão, numa espécie de peneirada final antes da votação de outubro de 22. São números apenas porque, infelizmente para o País, persiste um vazio que nenhum dos postulantes parece de fato interessado em preencher.

Alianças vão sendo construídas, ou esboçadas, ao sabor, sempre, de conveniências muito particulares, que podem ser tanto o acesso às verbas partidárias destinadas à campanha quanto barganhas futuras, de cargos ou sabe-se lá o que mais. Coerência, nesses movimentos, é atitude quase nunca considerada enquanto conveniência tem cotação bem mais alta. Essencialmente nada muito diferente do que sempre aconteceu, o que permite compreender porque nosso País se encontra em situação tão difícil quanto delicada. Enquanto sobram ambições faltam rumos, faltam projetos em que se possa acreditar, antes de tudo porque contendo respostas aos desafios que estão colocados.

Este vazio, este buraco que a cada dia que passa continua sendo cavado mais e mais, só pode ser preenchido a partir de uma atitude totalmente nova, congregando os brasileiros, a maioria deles, de torno de ideais, princípios e valores que deem racionalidade e eficácia ao aproveitamento dos recursos nacionais, num ambiente que gere investimentos e negócios, além da renda que possibilite a construção de uma sociedade em que o equilíbrio seja a melhor marca da prosperidade, da possibilidade concreta de uma vida melhor para todos. Visto de outra perspectiva, um círculo virtuoso que a vontade comum pode perfeitamente tornar real.

Este deveria ser o sentido único da ambição política, que, na perspectiva do bem comum, mais se aproxima do desejo de servir que da vontade de ser servido, tendo o sucesso como medida única exatamente a capacidade, a sensibilidade, de dar à atividade o valor devido. Na perspectiva do Brasil de hoje, daquilo que está no nosso entorno, são reflexões mais próximas da utopia que da realidade possível. Mudar o rumo continua sendo o grande desafio, possível se a chamada maioria silenciosa sair dos seus casulos, deixar o comodismo de lado, para assumir o protagonismo, para mostrar que o Brasil pode ser muito diferente e o futuro não precisa continuar sendo adiado.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas