EDITORIAL | O som da democracia

Antes de falar dos resultados, há que pontuar o processo. O Brasil chegou à votação de domingo num nível de tensão provavelmente sem precedentes e com incertezas igualmente alarmantes. Tudo parecia possível num ambiente em que o sistema eleitoral, reconhecidamente dos mais eficientes no planeta, era questionado, sugerindo, à falta de provas ou mesmo argumentos, algo deliberado e mal intencionado. Nada aconteceu, com a normalidade, a ordem e a integridade do processo sendo os primeiros pontos destacados, da mesma forma que a redução dos votos brancos a apenas 1,59% do total e os nulos a 2,82%, permanecendo a abstenção em torno de 20%, no nível das três votações anteriores. Falhas técnicas foram mínimas e prontamente corrigidas, apenas certificando, junto com os números colhidos, a integridade do sistema.
O clima, no País inteiro e ao contrário do que se poderia imaginar, foi da mais absoluta tranquilidade e ordem, sem incidentes minimamente relevantes a registrar, com a apuração concluída pouco depois das 23 horas. Algo tão ou mais relevante, sabendo-se que mais de 150 milhões de brasileiros votaram, com destaque também para a presença de jovens maiores de 16 anos e idosos acima dos 70, faixas etárias desobrigadas desse compromisso. Quanto aos resultados, cabe ressaltar a situação próxima de empate entre os dois principais candidatos à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva com 48,18% e 56,5 milhões de votos, Jair Bolsonaro com 43,4% e 5l milhões, contrariando o que apontavam as pesquisas de intenção de voto, todas enxergando margem maior em favor do candidato petista.
O segundo turno, no próximo dia 30, será, como os políticos gostam de dizer, outra eleição. Espera-se que sejam também diferentes, bem diferentes, as próximas quatro semanas. No domingo, durante as apurações, candidatos foram unânimes ao afirmar ou prometer que toda atenção dos agentes públicos deve estar concentrada na tarefa de expandir e melhorar serviços nas áreas de saúde, educação e segurança. Disseram também que a recuperação da economia, duramente afetada pela pandemia e pela conjuntura interna e externa, é a tarefa a ser cumprida para que, objetivamente, a vida dos brasileiros possa de fato melhorar.
Não cabem dúvidas a respeito e o que se deve esperar é exatamente que nas próximas semanas os candidatos que irão ao segundo turno, assim como aqueles que suportam para um e outro, afinal se ocupem do que importa e tenham respostas objetivas às questões colocadas, traduzidas em projeto de Estado, de todos os brasileiros, garantindo afinal que tudo o que foi e ainda será dito durante a campanha é compromisso real assumido diante de todos os brasileiros.
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