EDITORIAL | O tamanho do prejuízo

A difícil situação em que o País se encontra, em termos institucionais, resulta da somatória de erros cometidos durante muito tempo. Para não recuar muito, faz sentido iniciar contagem que começaria pela eleição da presidente Dilma Rousseff, sucedendo Lula em 2011. O ex-presidente deixou o cargo com elevado índice de aprovação, tudo fazendo crer que voltaria ao Planalto, sem que sua sucessora tentasse a reeleição. Há quem diga que esse era o trato, afinal rompido, com um segundo mandato e a crença geral de que Lula seria imbatível em 2018.
São fatos objetivos, independentemente de quem gosta ou não gosta dos personagens envolvidos. Tão objetivos quanto a ideia, consolidada, de que era preciso barrar a qualquer custo a marcha dos petistas. E foi o que aconteceu, com o próprio candidato derrotado, Aécio Neves, anunciando do plenário do Senado que a guerra estava declarada, prometendo fazer o possível e o impossível para abrir o que então imaginava ser seu próprio caminho.
E ganha força, por mais irônico que possa parecer na perspectiva de hoje, a campanha contra a corrupção, enquanto a grande mídia, que não tem como esconder suas culpas, fazia de tudo para ajudar a pavimentar o impeachment, nos bastidores, como articulador o então vice-presidente. Tudo para acabar com a corrupção, tornar a gestão pública confiável e, assim, atrair investimentos que colocariam a casa em ordem. No mundo real, nenhuma virtude e muita ambição.
Os capítulos seguintes são bem conhecidos ‘e não carece repeti-los, se não para lembrar que na semana passada o Supremo Tribunal Federal (STF) acusou o ex-juiz Moro, um herói de vida curta, hoje convenientemente exilado num bom emprego nos Estados Unidos, de parcialidade nos julgamentos do ex-presidente Lula, o que anula todos os processos, não significa absolvição mas parece caminho certo para a prescrição dos crimes a ele atribuídos. Não seria exagerado afirmar que ao fim e ao cabo mais uma vez tudo acabou em pizza.
Caberia perguntar a todos que contribuíram, mais ou menos, para a construção dessa grande farsa, em que ao final os interesses de sempre se acomodaram, se fazem ideia de quanto tudo isso terá custado ao Brasil, qual o valor da fatura que ainda não foi paga e facilmente soma centenas de bilhões de reais. Sem mencionar o que todos perdemos com a estagnação da economia, com a escalada do desemprego, com uma soma de prejuízos que dificilmente poderão ser contados. E, sobretudo, com a falta de um projeto para o Brasil.
Ouça a rádio de Minas