Opinião

EDITORIAL | O tempo e a verdade

EDITORIAL | O tempo e a verdade
Foto: Freepik

O tempo conta a história e abre maiores espaços para o conhecimento da verdade que, por outro lado, nos momentos de conflito é a primeira vítima. São reflexões oportunas a propósito do conteúdo de artigo assinado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que aponta como “motivo real” do impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff a falta de apoio político e não as alegadas “pedaladas”, hoje merecidamente enquadráveis no rol das desculpas esfarrapadas. Ainda não se sabe o que mais dirá o ministro no artigo a ser publicado nesta quinta-feira na primeira edição da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais.

Para os que enxergaram – e alguns apontaram – mais ambições que virtudes no movimento aludido, o fato a assinalar é mesmo a manifestação do ministro e seus desdobramentos, agredindo a democracia e impondo ao País, nos campos da gestão pública e da economia, um custo por demais elevado. Há que lembrar, apontar e não permitir que mais uma vez tudo caia no esquecimento e, como se não bastasse, com os mesmos personagens dando as cartas. Quem, hoje, ainda se lembra de pessoas, boas pessoas muitas delas, fantasiadas de verde e amarelo, cores que tentaram se apropriar sem sucesso, cobrando o fim da corrupção e a política exercida em favor do Brasil e dos brasileiros. Seria muito interessante, além de importante para o resgate da história, reencontrar alguns desses personagens para saber o que eles pensam.

Precisamos, muito, de observadores lúcidos e isentos, objetivos e independentes nas suas análises, para nos mostrar o que realmente aconteceu e como aconteceu. Inclusive para apontar a falta de originalidade e pobreza do enredo, que tanto lembra a queda de Getúlio Vargas, as tentativas de impedir a posse de Juscelino Kubitschek e, por fim, o golpe de 1964, em que os grandes derrotados foram os articuladores civis que abriram as portas para a quartelada. Tudo isso custou e custa ao Brasil o atraso em que vivemos ou o futuro que não deixa a linha do horizonte, com os mesmos velhos fantasmas ajudando a produzir o medo que paralisa.

Não precisamos falar de fulano ou beltrano, apontar o dedo para quem quer que seja. A explicação dos fatos e dos acontecimentos tem sido na especificidade da política brasileira. Gostem mais ou gostem menos do ex- presidente Lula, pouco importa ao entendimento de que tudo foi feito apenas para usurpar-lhe o mandato futuro. Em nada diferente de Juscelino, que chegou a ser apontado como o homem mais rico do mundo, morreu pobre, enterrado pelo genro, e nutriu a Revolução de 1964 exatamente para não ser reeleito em 65.

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