EDITORIAL | Onde está o nosso futuro

Recursos naturais, minerais, determinaram o processo de desbravamento e colonização do território, que, apropriadamente, veio a ser Minas Gerais. Na perspectiva dos colonizadores, um processo que deu certo, alimentando a riqueza de parte da Europa e ajudando a financiar a revolução industrial. O mesmo não pode ser dito com relação aos colonizados. Ouro Preto, epicentro da extração, no seu apogeu chegou a ser a maior e mais rica cidade da colônia. Mais, muito mais, era também a maior e mais rica cidade das três Américas, ainda que num ciclo bastante curto, que, como no resto do Estado, não resistiu ao fim do século seguinte.
História. Continuamos sendo Minas Gerais e a mineração continua sendo vital para a economia regional, mesmo que não proporcione os ganhos desejáveis ou possíveis. Olhar para frente significa mais que buscar formas de exploração menos agressivas ao meio ambiente e mais seguras. Significa, ou deveria significar, antes de tudo, potencializar o resultado dessa atividade, corrigindo finalmente os erros cometidos ao longo de séculos. Vale dizer, em primeiro lugar, agregar valor ao material retirado da terra, como seu beneficiamento ao máximo possível. Segundo, ter em conta que algumas reservas, como minério de ferro, se esgotarão num futuro não muito distante. Terceiro, considerar também que estudos indicam que, globalmente, entre outros fatores por conta das novas demandas geradas pela descarbonização, o volume e valor da mineração serão triplicados.
Potencialmente são cenários positivos, especialmente para Minas Gerais, sobretudo se os mineiros aprenderem a pensar mais longe, para enxergar por exemplo o potencial representado pelo nióbio, lítio, grafeno, terras-raras e o próprio ouro, no passado extraído um tanto superficialmente. Da mesma forma considerar as pedras preciosas, evitando seu descaminho e, também aqui, entendendo que a agregação de valor, no caso pela captação, é a riqueza que mais conta. Como disse um estudioso, não nos custará nada lembrar “que tem muita coisa boa enterrada por aí”.
Tudo isso nos permite concluir, com alguma dose de alívio, que temos sim um futuro pela frente, mas será preciso construí-lo. Passamos então a falar de políticas públicas mais bem estruturadas, fundadas em planejamento, um projeto de Estado e não de governos ou partidos políticos, além de integração com a iniciativa privada, que deve ser o verdadeiro motor dessa escalada. Muito bom constatar que é possível, sobretudo em período eleitoral, que deveria ser também de participação, de discussão, de integração, em que todos se perguntem para onde queremos ir e que esta caminhada será necessariamente coletiva.
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