Opinião

EDITORIAL | Onde está o perigo

EDITORIAL | Onde está o perigo
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Mais uma campanha eleitoral e velhos hábitos, agora turbinados pela tecnologia, prosseguem intocados, apesar de todas as advertências e de todas as promessas que, a rigor, deram em nada. As chamadas redes sociais, assim inadequadamente nomeadas, estão aceleradas, intocadas, confundindo e renunciando a seu papel de orientar, numa escalada que especialistas já antecipam que aumentará ainda mais em setembro, na reta final da campanha. Um assunto que, a rigor, foi debatido ao longo dos últimos quatro anos, com manifestações constantes de desacordo e promessas de tribunais superiores de que os abusadores seriam enquadrados, mesmo com seu discurso vazio de que apenas exerciam seu direito de liberdade de expressão, enquanto reclamavam do exercício arbitrário de censura. Tudo isso para defender postagens como a que associou a vacina contra Covid a novas ocorrências de Aids.

No Legislativo federal, o palco mais adequado para discussões sérias e decisões firmes, falou-se muito para, como de costume, não fazer praticamente nada. As discussões foram sendo proteladas até que o tempo se esgotou. E assim a eleição vai se aproximando, ao mesmo tempo que medições confiáveis confirmam que as redes sociais estão infestadas de fake news, de ataques mentirosos entre candidatos rivais, num processo que nada esclarece e muito confunde, com chances de influenciar muito negativamente a votação e seus resultados. Mais uma vez nada que seja novidade, nada que não tenha sido previsto. Igualmente permanecem nas brumas a origem precisa desses movimentos e quem os financia, coisa que as operadoras, concessionárias, desses sistemas, se quisessem ou fossem obrigadas, poderiam fazer quase instantaneamente.

Mas não é nada difícil concluir que quem tem o poder de bloquear o uso inadequado, transgressor, desses poderosos sistemas de comunicação eletrônica, na realidade não tem o menor interesse em fazê-lo. Por ação ou omissão preferem ser cúmplices, conforme ficou suficientemente claro quando as discussões se arrastaram, inconclusas, no Congresso Nacional, e as decisões judiciais foram e são simplesmente ignoradas, com o artifício mais comum de transferir para o exterior, fora do alcance das leis locais, seus centros de operação. Houvesse vontade, houvesse interesse real, e nada disso seria obstáculo para deter esta insana máquina que faz da mentira o principal argumento de muitos candidatos.

A contaminação, nessas condições, é inevitável, como bem sabem os britânicos que agora não sabem como contornar sua saída da Comunidade Europeia, espécie de estreia dessas máquinas postas a serviço do mal.

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