EDITORIAL | Onde está o problema

Temos dito neste espaço, sempre que a ocasião se apresenta, que os males do País tem forte viés político, comprometendo a gestão pública e seus resultados. No rol dos desvios há que se incluir forçosamente o processo de reeleição, que, além de provocar desvios indesejáveis e de toda ordem, leva o País a um estado de permanente campanha, com o eleito assumindo já pensando – e trabalhando – num segundo mandato. Governar, administrar e, sobretudo, gerar resultados e cumprir o prometido parece ser o de menos. Absolutamente não é diferente agora, faltando um ano para as eleições em que será escolhido o próximo presidente da República.
A rigor, e sem o risco de exagerar, a campanha começou no dia da posse para o primeiro mandato do atual presidente e esse tem sido o costume, com perversas consequências. Paralelamente, e muito em especial neste momento, as campanhas são focadas em nomes, ou “fulanizados”, como gostava de dizer Ulisses Guimarães. Outro erro elementar, especialmente se consideradas as características, ou defeitos, da forma de fazer política no Brasil, que tem mais de 30 partidos políticos que são na realidade coadjuvantes neste processo. Faltam ideias, faltam projetos, faltam compromissos levados a sério.
O que acontece agora reproduz o passado. Dois nomes em evidência e mais meia dúzia de candidatos que permanecem longe possibilidade de concorrer de fato, não passando de figurantes. Também sem novidades fala-se numa terceira via, o santo candidato capaz de reunificar o País, que, a rigor, ninguém parece saber exatamente quem poderia ser. Estamos também diante de um jogo de fantasia ou da ilusão do salvador da pátria que não existe. Assim, independentemente do que apontam as pesquisas de opinião, não é nada difícil prever o futuro, sobretudo determinar onde, exatamente, estará o poder, mais uma vez fingindo que muda para permanecer tudo como está.
O presidente da República, seja quem for, no máximo faz as honras da casa quando aparece um visitante mais graduado e cumpre os rituais do protocolo.
No mais, repetindo o que fez o presidente Bolsonaro assim como cada um de seus antecessores, se ocupa de construir a tal base parlamentar, que, diga-se de passagem, varia muito pouco, alianças sempre frágeis, ainda que alimentada por uma gorda troca de favores. Nesse processo, é claro, todos se arrumam, mantendo-se tão ocupados que sobra muito pouco tempo para governar, formulando estratégias, planejando e agindo.
Deveria ser assim, mas continua funcionando de outra maneira, realidade que nos leva a sugerir aos eleitores que reflitam mais e melhor, no momento da escolha de deputados e sem andores.
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