EDITORIAL | Onde estão as soluções

Constam dos planos da administração federal para destravar a economia e encaminhá-la na direção do crescimento sustentado medidas voltadas para a ampliação do acesso ao crédito. Basicamente e conforme já foi anunciado, são propostas focadas na desburocratização do sistema ou o que o próprio governo chama de “barreiras e ineficiências existentes no mercado de crédito”.
Nesse rol estão incluídos também novos mecanismos destinados a proteger investidores no mercado de capitais, melhoria do funcionamento das instituições que dão suporte aos mercados bancários e de capitais, assim como melhorias e facilitação no processo de utilização de garantias. Imagina-se ser possível com as medidas tornar disponíveis valores de até R$ 1,2 trilhão que hoje não podem ser utilizados como garantia.
Uma melhor ideia do que se passa pode ser encontrada numa outra informação oficial, relativa ao valor do chamado “mínimo existencial”, quantia que em nenhuma hipótese pode ser retirada de pessoas endividadas, hoje fixado em R$ 303,00 e supostamente o suficiente para garantir sua subsistência. Se tal valor dobrar, passando para R$ 600 ou o equivalente ao piso do Bolsa Família, estima-se que 6 milhões de pessoas poderão ser beneficiadas com a garantia de renegociação de R$ 30 bilhões em dívidas. Para um País em que os juros são, hoje, os mais elevados do mundo e não por acaso a rentabilidade do sistema bancário não encontra equivalente, os números agora expostos representam a melhor medida dos despropósitos que estão por ser corrigidos.
Assim, por razões que escapam à própria razão, causa estranheza que os problemas anotados estejam sendo apenas contornados e não enfrentados de frente. Sobre as taxas de juros, certamente o ponto mais sensível, continua sendo devido chamar atenção para a diferença, nunca suficientemente explicada, entre a tal Taxa Básica de Juros fixada pelo Banco Central e o que efetivamente é praticado na ponta final onde se encontram os tomadores, aqueles mesmos que adiante inevitavelmente poderão engrossar a fila dos inadimplentes. À falta de argumentos de convencimento sobre a conclusão que é justamente nesse espaço, e independentemente de questões como a tão discutida independência do Banco Central, que se encontram as melhores chances de mudar para melhor.
E sem que este caminho seja, afinal, perseguido continuará sendo pertinente a indagação de um economista ganhador do Prêmio Nobel para quem a única questão relevante é saber como o Brasil não sucumbiu à política que adotou.
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