Opinião

EDITORIAL | Onde estaria o bom senso?

EDITORIAL | Onde estaria o bom senso?
Crédito: REUTERS/Bruno Domingos

No Brasil não é nada difícil entender por que o orçamento público em poucos momentos esteve em equilíbrio com os ingressos, tendo produzido ao longo do tempo um déficit crescente, além de endividamento que hoje em dia engole a maior parcela dos recursos que o País é capaz de gerar. E nessas condições chegamos ao limiar de nova eleição presidencial, numa campanha articulada quase toda em troca de acusações e com pouco ou nenhum espaço para discussão das questões realmente sérias. Justamente aquelas que já no próximo ano poderão estar impactando amargamente todas as questões da gestão pública.

Dessa realidade inescapável nos chega exemplo bem recente. Pretendendo um novo mandato, a atual gestão federal nos últimos meses, contrariando o bom senso ou indo além para afrontar até mesmo disposições legais, não mediu gastos e agrados. Assim aliados políticos, que como dissemos ontem, já discutem novas possibilidades para suas alianças, foram contemplados com favores que não tiveram mínimas medidas de bom senso, enquanto aos eleitores, que só nestes períodos são lembrados, foram alvos das mais diferentes “bondades”, não faltando auxílios diretos aos mais pobres até subsídios para compra de GLP ou, no caso de motoristas de caminhão autônomos, compra de óleo diesel.

Um socorro necessário, mas que chegou tarde e poderia ter tomado outras formas, evitando que fossem enfiadas na goela do Tesouro despesas que não há mais como digerir. E demonstrando como nosso País continua gastando muito e gastando mal. Exemplos são muitos, mas um deles chama mais atenção: uma das propostas do Orçamento para o próximo exercício enviado ao Congresso Nacional propõe cortes de até 99%, o mesmo que zerar, nos recursos voltados para obras emergenciais, redução e mitigação de desastres naturais. Na mesma linha foram distribuídos cortes nas áreas de segurança hídrica, saneamento básico, infraestrutura e saúde indígena.

Isso tudo com o presidente da República anunciando, no exterior inclusive, que vamos muito bem e somos para o mundo exemplo de recuperação. Ou, ainda pior, esquecendo que as chuvas do ano corrente marcaram o maior número de mortes em 10 anos, produzindo também destruição de equipamentos públicos em larguíssima escala, situação que em muitos casos, maioria talvez, não foi sequer reparada. Disso com certeza não sabem, ou preferem não saber, os senhores deputados donos do “Orçamento secreto”. Então que saibam da verdade pelo menos os eleitores que irão às urnas no próximo domingo.

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