Opinião

EDITORIAL | Onde fica a memória?

EDITORIAL | Onde fica a memória?
Crédito: Freepik

As coisas mudam e mudam com velocidade, embora não necessariamente na direção certa, o que pode ser facilmente percebido no intervalo entre as duas eleições presidenciais. Na passada, corrupção era quase assunto único, enquanto a Operação Lava Jato, que se revelou apenas parte de um grande complô e, perversamente, ocasião para mais alguns negócios paralelos, pelos quais alguns dos heróis do passado estão agora sendo chamados a prestar contas. Agora, em nova campanha eleitoral, o assunto serve apenas para troca de acusações e ofensas entre os candidatos mais bem situados no ranking das pesquisas.

Sem dúvida que o assunto deveria prosseguir em primeiro plano, não para servir de escada a ambições de uns poucos ou a desvios em que não são poucos que identificam um golpe político, mas pela elementar razão de que é preciso colocar as finanças públicas em ordem. E não estamos focando apenas na esfera federal, onde trabalhadas ganham holofotes mais intensos, mas tudo aquilo de errado que se repete nos estados e municípios, até os menores e distantes, cada um na sua escala, consumindo recursos que fazem falta, muita falta, até nas áreas essenciais.

Estamos falando de mudanças urgentes e necessárias não apenas para evitar que o erário público continue sendo assaltado ou impedir que excrescências como o dito orçamento secreto, destinado a selar o pacto que preserva o desgoverno continue existindo. Falamos também da qualidade e do destino dos gastos, lembramos prioridades que não são assistidas enquanto o Estado brasileiro permanece gordo e pesado, produto da farta distribuição de benesses que começam pelo porteiro e acabam na melhor sala, variando proporcionalmente, é claro. Ou ainda de regras esdrúxulas como a paridade de salários, que faz um único aumento de proventos para uma excelência repercutir em quase toda a folha salarial, com ganhos em cascata somando bilhões de reais.

Na realidade, e como alguém já disse, o Estado brasileiro foi sequestrado, tomado de assalto pelos donos do poder, um bando que nessas horas não tem cor partidária, não escolhe bandeiras, senão quando elas podem ser levantadas por incautos, como nas eleições passadas, acreditando que seus apelos pelo fim da corrupção seriam ouvidos. Com novas eleições se aproximando, é preciso indagar onde está essa gente, descontados evidentemente os que acreditam que não existe mais corrupção ou que os ladrões são somente aqueles que a conveniência muito mal disfarçada aponta.

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