Opinião

[EDITORIAL] Os desafios são outros

Não há quem discorde de que a indústria de material de transportes, especialmente de veículos leves destinados à condução de passageiros, está entrando numa fase de grandes transformações. O motor a explosão, baseado na queima de derivados de petróleo e com mais de cem anos de idade, parece bem próximo de esgotar suas possibilidades. Algumas montadoras, como a General Motors e a Volkswagen, que estão entre as maiores do planeta, já chegaram inclusive a anunciar a data em que veículos com esta característica sairão de linha. Por conta da baixa eficiência, das emissões de gases poluentes e também pelo custo dos combustíveis.

Coisa que aliás já poderia ter acontecido há muito tempo, atraso que deve ser debitado exclusivamente aos interesses econômicos em jogo, tanto da indústria do petróleo quanto das montadoras. A primeira aposta agora em usos mais nobres, e seletivos, inclusive na indústria química, para os combustíveis fósseis e as segundas simplesmente curvam-se às pressões que já não podem resistir. É assim que estão sendo abertos espaços para novas tecnologias, na verdade nem tão novas assim, como motores movidos a eletricidade ou híbridos, que já são ofertados embora ainda em pequena escala, além das células de combustível que produzem hidrogênio a partir da água. Esse caminho, tudo indica, será mais largo. Fala-se muito também de veículos autônomos, capazes de levar pessoas de um ponto a outro, com tecnologia já disponível, mas esbarrando em questões legais complexas. Em caso de acidente, de quem, afinal, será a responsabilidade legal?

Numa recente feira de eletrônica e tecnologia em Las Vegas, nos Estados Unidos, o assunto foi muito discutido, com claros sinais de que as coisas possam ser mais complexas do que parece. Também em pauta, e sob críticas, os conceitos de mobilidade baseados no transporte individual, de baixa eficiência, demandando investimentos públicos numa escala que pode ficar inviável, e em algumas regiões muito próximos da saturação por uma questão até de elementar falta de espaço para circulação. Surgem como respostas questões como a possibilidade de compartilhamento, de mudanças até no conceito de propriedade e tudo isso também faz sentido.

Mas enxergar o óbvio, pensar mais e investir mais em sistemas de transporte de massa, que podem ser mais rápidos, mais eficientes e mais econômicos, como resposta definitiva ao desafio da mobilidade, principalmente em regiões urbanas a cada dia que passa mais densamente povoadas e com demandas crescentes.

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