Opinião

EDITORIAL | Pagamos pela imprevidência

EDITORIAL | Pagamos pela imprevidência
Foto : Pedro França/Agência Senado

Numa semana que começou com o presidente da República lembrando que nada é tão ruim que não possa ficar pior, cresceram as preocupações dos brasileiros com as consequências da estiagem. Afinal, estamos chegando ao mês de outubro com a certeza de que por mais que possa chover nos próximos meses, o que ironicamente também implica riscos, não haverá como recuperar os reservatórios das principais usinas hidrelétricas do País, que nunca antes estiveram tão baixos. Diante dos fatos, há que enfrentar suas consequências com mais celeridade.

Por exemplo, e como já foi mencionado neste espaço e também por alguns respeitados conhecedores da matéria, restabelecendo o quanto antes o horário de verão, que mesmo representando economia pequena, não pode e não deve ser descartada. Até porque, concretamente, é o que se pode fazer de mais imediato, considerando que medidas voluntárias de racionamento demandam, entre outras coisas, um tipo de educação que para a maioria ainda está um tanto distante.

Sobra, sintomaticamente, o aumento de tarifas, já ordenado e posto em prática, na esperança de que a redução de consumo acabe sendo compulsória. Quanto à água potável, que já começa a ser racionada, a única medida concreta até agora foi reduzir a pressão nas linhas de distribuição, reduzindo assim, ainda que de maneira um tanto simplória, os vazamentos que incrivelmente consomem a maior parte da água tratada no País.

Restam as usinas termelétricas, que vão sendo postas em operação, a um custo bem mais elevado e que não bastam para garantir a normalidade. Em resumo, nada que não fosse esperado, consequência da drástica redução de investimentos no setor elétrico. Uma situação que só não é pior porque, considerados, como exemplo, os últimos 20 anos, a economia entrou num ciclo comparável à hibernação. Certo é que, olhando para frente e ainda acreditando que as lições tenham sido aprendidas, é preciso também pensar no que fazer.

Caberia então lembrar que o sistema elétrico brasileiro em usinas hidrelétricas, a maioria tem pelo menos 50 anos de operação, pouco mais ou pouco menos. Um problema que nos aproxima também da solução. Estamos falando da potencialização dessas usinas, com reforma ou substituição de turbinas, o que poderia propiciar um ganho de 30% na oferta, com ganhos no volume de investimentos e no tempo despendido. É o caminho, não temos dúvidas, sem perder de vista que a energia solar e a energia eólica também apontam na direção do futuro.

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