EDITORIAL | Palavras ao vento

Mais um debate, agora restrito aos dois candidatos que chegaram ao segundo turno da eleição presidencial e a comemorar talvez apenas o fato de que os dois se mantiveram dentro das linhas do bom comportamento, consideradas evidentemente as condições. Registrar também que as mudanças nas regras estabelecidas pelo pool de promotores do debate, à frente a Rede Bandeirantes, foram positivas tornando a conversa entre os astros da noite um pouco mais natural ou menos engessada. A lamentar, e mais uma vez, que Jair Bolsonaro, que busca a reeleição, e Lula, que se apresenta para voltar à cadeira presidencial, tenham consumido duas horas sem apresentar nada de objetivo sobre projetos e planos para um eventual governo, limitando-se a considerações genéricas e bem pouco esclarecedoras principalmente sobre o que, afinal, entregarão aos eleitores em troca dos votos que agora estão pedindo.
Evidentemente que teriam muito a dizer, ou melhor, se espera que tivessem. O dia da votação definitiva se aproxima, as estimativas recolhidas pelas pesquisas de opinião, se corretas, indicam uma situação bem próxima do empate técnico, fazendo crer que o tal retrato de que tanto gostam de falar os institutos de pesquisa, revela que o País está dividido ao meio, situação que provoca tensões a todos os títulos indesejáveis, principalmente porque em nada contribui para a convergência, soma de esforços e de objetivos que a delicada situação do País, principalmente no plano econômico, reclama. Nesse sentido, importa pouco, quase nada, as avaliações sobre como se apresentaram os candidatos no domingo, quem ganhou e quem perdeu pontos na avaliação popular. Sobra o risco de que poderá ser apenas mais do mesmo, com sinais invertidos.
Para o País, sem forças para continuar esperando pelo salvador da pátria, são sinais absolutamente intranquilizadores. Num resumo ligeiro, discutiu-se na noite de domingo passado, quem fez mais e quem fez menos ou quem deva colocar a carapuça por conta de ações, como eles mesmos gostam de dizer, nada republicanas. Um vê no outro pecados e em si apenas virtudes. Prometem o paraíso, mas não dizem exatamente onde ele está, como seria afinal e, sobretudo, como chegar até lá. Nesse ponto a preocupação maior de quem pensa e deseja ardentemente que o Brasil encontre seu rumo, seja afinal o que pode ser. Também a frustração de quem continua esperando ouvir respostas.
E assim conhecer afinal aquela que poderia ser até a fórmula redentora, não mais um projeto de facções e sim um projeto de Estado, traduzindo os objetivos comuns e que seja permanente para conduzir o Brasil ao futuro sempre adiado.
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