Opinião

EDITORIAL | Para o bem, para o mal

EDITORIAL | Para o bem, para o mal
Crédito: Pixabay

Nos últimos 20 anos, a eletrônica e a informática deram um salto de proporções tais que ajudaram a criar um mundo que pouco antes seria visto como ficção científica, algo facilmente perceptível nos telefones celulares. Transformados em computadores de bolso, alguns com uma capacidade de processamento que também pareceria, não faz muito tempo, inimaginável, estes aparelhos são, hoje, o principal instrumento de acesso à internet e às redes sociais e já são contados, no mundo inteiro, aos bilhões.

Dizem os  cientistas, isso é apenas o começo, estando bem próxima a inteligência artificial, que se tornou possível por conta do crescimento vertiginoso da capacidade de processamento e de memória, paralelamente à redução de seus custos.

São ferramentas formidáveis, que já transformaram o planeta, mas também frágeis, como pode ser percebido recentemente, quando a paralisação, por uma tarde, dos serviços mais acessados praticamente parou o planeta, além de gerar prejuízos estimados em bilhões de dólares. Também nessa perspectiva pode ser apenas o começo de uma dependência tanto assustadora quanto ameaçadora. Não se sabe, ou não foi revelado, exatamente o que aconteceu na tarde, poderíamos dizer, do apagão digital, mas será inteligente entendê-lo como mais uma advertência.

Muito tem sido dito a respeito da necessidade de controle desses sistemas e redes, transformadas virtualmente numa espécie de lata de lixo e assim a tecnologia que poderia estar ajudando a mudar o mundo para melhor faz exatamente o contrário, com potencial para colocar em risco o próprio sistema social e político majoritariamente entendido como o melhor para a humanidade.

Este tipo de risco parece ter sido compreendido e os acontecimentos aqui anotados nos remetem a questões mais amplas, também de grande importância. Quais poderiam ser, afinal, as piores consequências da dependência tecnológica que parece encantar a maioria? Nesse mesmo contexto, aliás, pode ser colocada a crise atual na oferta de componentes eletrônicos, provocada pelo excesso de demanda gerado pela pandemia e que afeta toda a indústria, com prejuízos igualmente de monta.

Bom que tudo isto aconteça agora, desde que soe como advertência e provoque as reações recomendáveis. Do contrário, como imaginar, para apontar a questão mais crítica, a utilização em larga escala dos mais modernos processos de processamento e distribuição de dados, na medicina, com automatização de procedimentos até cirúrgicos, se tais maravilhas podem estar sujeitas a falhas como uma simples lâmpada?

Com toda certeza, a partir do que aconteceu com as redes sociais, vale muito a pena refletir a respeito.

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