Opinião

EDITORIAL | Poder para transformar

EDITORIAL | Poder para transformar
Crédito: Adobe Stock

Em passado ainda recente, mas sob outro governo, era costume, diante de sinais de que a economia não evoluía da forma desejável e esperada, afirmar que os fundamentos da economia eram positivos e as dificuldades circunstanciais. Hoje, e embora o presidente da República acabe de afirmar que tudo vai “muitíssimo bem”, os sinais não são nada bons e dos tais “fundamentos” ninguém mais fala, enquanto vozes independentes sustentam que, com todas as atenções e ações focadas no mês de outubro, o governo não fez mais que empurrar os problemas para frente, antecipando que quem tomar posse em janeiro  estará em apuros.

Ações de curtíssimo prazo, todas elas tendo como referência exclusiva o mês de outubro, transmitem sinais equivocados, como a deflação que é resultado basicamente da queda nos preços dos combustíveis, apenas fazendo lembrar aquela história de alguém que mandou colocar um bode na sala para, na sequência, ao mandar retirá-lo, provocar uma festejada sensação de alívio. No mundo real, as notícias oficiais de Brasília são para dar conta de que o Brasil, quase heroicamente, está saindo da crise provocada pela pandemia mais depressa que todos os outros países e é o que exibe crescimento acelerado, estão muito mais próximas das fake news que da realidade.

A realidade é bem diferente, infelizmente não há como pintar o quadro brasileiro – e não apenas na economia – com tintas tão suaves. Mais prudente, ou mais realista, será pensar em como pagar as bondades que estão sendo distribuídas agora ou tentar imaginar como, sem que aconteça uma mudança estrutural, quais serão as consequências do realinhamento de preços dos combustíveis, que considera o que se passa na Bolsa de Valores de Nova York e fecha os olhos para a realidade brasileira. Quem pensa a respeito está bastante preocupado, até por recordar outras ocasiões em que artifícios semelhantes foram adotados.

Resumindo, se reeleito, o presidente Bolsonaro, que diz perder noites de sono com suas preocupações, terá motivos ainda maiores para vigílias involuntárias e se for outro o escolhido terá razões de sobra para proclamar-se dono de uma herança maldita. Inflação e juros em alta, baixo crescimento num período que já é estimado em pelo menos quatro anos, com aumento contínuo da dívida bruta são alguns dos elementos a considerar. Desviar dessa rota ou, pelo menos, aliviar os percalços previsíveis será possível, mas desde que os brasileiros entendam o que está verdadeiramente em jogo.

Mudar, corrigir e avançar demanda, em primeiro lugar, a existência de um Legislativo comprometido e equipado para orientar este delicado processo. Algo que depende por inteiro das escolhas que os eleitores farão em outubro.

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