EDITORIAL | Política de transportes

Aos poucos vão sendo conhecidas as diretrizes que o novo governo pretende imprimir à administração federal. Na esfera dos transportes, por exemplo, já foi dito que os maiores esforços estarão concentrados na recuperação e expansão da malha ferroviária. Um propósito que não chega a ser novo, sempre reconhecendo que um país de dimensões continentais deve repousar nas ferrovias a base de seu sistema de transporte e ao mesmo tempo denunciando que, absurdamente, nos últimos anos e décadas foi feito exatamente o contrário, abrindo espaços para caminhões, muitíssimo menos eficientes, e hoje, justamente porque representam a base do sistema de transporte de cargas, transformados em instrumento de chantagem política permanente.
Fácil perceber, e sem que seja preciso nem mesmo apontar os fatores de ordem econômica, que o novo governo escolheu, nesse particular, o alvo certo. Mas ainda que transforme suas ideias em realidade, será preciso fazer mais. O que o País verdadeiramente demanda para ganhar eficiência na movimentação de cargas e passageiros é construir um sistema integrado, em que as vantagens e possibilidades de cada modal sejam mais bem aproveitadas, produzindo como resultado mais eficiência e menores custos. Nada que não tenha sido apontado antes, inclusive percorrendo palanques eleitorais na forma de promessas.
Há que enxergar o todo. Começando pelas bacias fluviais, que podem ser interligadas para se transformarem em vias interiores, navegáveis, capazes de movimentar cargas e pessoas nas melhores condições econômicas. Estamos falando dos investimentos iniciais, de equipamentos, de custo operacional. Igualmente a extensa costa brasileira representa outra via natural que merece ser mais bem aproveitada. Falamos de navegação de cabotagem, dependente de portos e, claro, material de transporte, resultando também em vantagens econômicas relevantes no que toca ao transporte a longa distância.
Olhar para o futuro, tratar de começar a construí-lo é enxergar o todo, cabendo às rodovias fazer a ligação entre os demais modais, em percursos necessariamente menores, que no caso de cargas podem terminar nos portos ou na porta do cliente. Estamos propondo racionalidade e eficiência, sem acrescentar nada de novo, mas jogando luz num assunto que, por razões e interesses diversos, não sai da obscuridade. Para arrematar, que as limitações atuais, implícitas, têm peso relevante na composição do custo Brasil, bloqueando os caminhos da competitividade e da prosperidade, ajudando a impedir que se cumpram as metas de crescimento econômico sustentável.
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